quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Pierre Bayle

   Os spinozanos conhecem Pierre Bayle, pelo menos em relação à sua afirmação sobre Spinoza ser um "ateu virtuoso", no famoso Dictionnaire Historique et Critique. Mas, e além disso, o que sabemos de Bayle?
   Essa pergunta me passou pela cabeça, quando, durante uma aula com o professor Danilo Marcondes, falando sobre o Ceticismo Fideísta da Modernidade, foi dito que Pierre Bayle (1647-1706), originalmente protestante, havia se tornado católico e, depois, regressou ao calvinismo. 
   Naquele momento, a única pergunta em que pensei foi: Se o argumento cético da falta de critério para definir qual a doutrina filosófica correta desembocara na utilização da fé como critério, como é que se troca de "fé"? Não duplicamos o problema então, já que agora teríamos várias "fés" equipolentes, e retornaríamos ao problema do critério dos céticos?
   Nosso eterno professor Danilo indicou que foi justamente isso que deu surgimento ao Deísmo, que via em Deus o único critério de verdade, comparando as "religiões positivas" às doutrinas teóricas, a respeito das quais não havia critério definitivo a ser adotado.
   Esse "indeciso" Bayle merece mais alguma investigação, não é? 

Hume e Spinoza

   Tenho tentado fazer duas aproximações com Spinoza, ultimamente. Uma, entre os estoicos e nosso filósofa; outra, entre Hume e o holandês.
   Aquela que se refere aos estoicos parece mais imediata. Embora tenha sido interessante perceber que mesmo as possíveis semelhanças e os pontos de partida iguais redundam em diferenças interessantes de se estudar.
   Já a que se refere a Hume diz respeito especificamente à questão das paixões. É fácil perceber, entretanto,  que existe uma certa atração em relação a esse tema na Modernidade. Fiquei extremamente surpreso a ver que até Adam Smith escreve uma grande obra sobre o assunto. Aliás, comprei-a para, aos poucos, ir aprendendo as lições de um dos pais da Economia sobre o tema. 
   "Estoicismo e Spinoza" não é tão difícil de encontrar em pesquisas na net. Quanto ao par "Hume e Spinoza", a coisa já se reduz. Aliás, em relação ao primeiro par, eu mesmo já escrevi um pouco por aqui. Eu achei, entretanto, um artigo bastante interessante sobre o último. Gostaria de compartilhar com os amigos. Basta procurar em http://www.academia.edu/436530/Philosophy_as_medicina_mentis_Hume_and_Spinoza_on_Emotions_and_Wisdom
   Gostaria de chamar atenção para a nota de rodapé de número dois. Nela, o autor, Willem Lemmens, da Universidade da Antuérpia, indica que evita qualquer discussão sobre se Hume teria realmente lido Spinoza. Mesmo assim complementa a nota dizendo:
   "Spinoza’s philosophy was without doubt en vogue in France when Hume was there to write his Treatise in the period 1734–1737 (see Wim Klever, 'More aboutHume’s Debt to Spinoza',  Hume Studies, 19(1) (1993): 55–74). Klever argues that Hume’s passion theory was directly and fundamentally influenced by reading  Spinoza. I am not really convinced by this thesis, though Hume had of course knowledge of Spinoza’s philosophy through Bayle’s Dictionnaire".
     

Estudando Português

   Ontem, estudava Português com minha filha. Determinada parte do livro tratava dos tipos de composição textual. Vimos, então, o item referente a "blog". No meio do estudo, lembrei do meu compadre, "brigando" comigo sobre a necessidade de atualização constante do blog... afinal, lá se fazia a comparação com os "diários".
   A "correria" tem sido tão grande, que não tenho tido o mínimo tempo para lançar qualquer ideia neste espaço... embora, obviamente, todo dia haja uma pequena contribuição que poderia ser acrescentada, em função das constantes leituras feitas.
   Entretanto, fui dar uma espiadela no blog e verifiquei - entre assustado e decepcionado - que neste mês não houve nenhum post. Acho que é a primeira vez que não lanço nada no meu "diário" durante um mês inteiro. Tentando evitar esse recorde negativo, vamos lá.