quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Umberto Eco e Spinoza

   Tenho estudado muito a Retórica e a Poética de Aristóteles ultimamente. O interesse tem sido traçar um paralelo entre a teoria das emoções do Estagirita e de Spinoza.
   Encontrei um texto do Umberto Eco, chamado "A Poética e Nós", que foi publicado aqui no Brasil dentro de Sobre a Literartura, em 2003, pela Record. Neste texto, pelo próprio título percebe-se, o foco era um comentário sobre o tratado aristotélico sobre a poesia/tragédia. Apesar das aproximadas quinze páginas, o texto é bastante interessante.
   Um dos itens abordados por Eco é a importância que Aristóteles dá ao mythos da tragédia - isto é, ao enredo, ou à fábula, como por vezes é traduzido também. O curioso, entretanto, é que Eco evoca a Ética spinozana para falar disso. Achei fantástica essa passagem, e gostaria de citá-la. É bem verdade que um certo conhecimento das teorias de Umberto Eco sobre Literatura ajuda muito, mas mesmo quem não tem esse background pode perceber como está legal o trecho.
   "Em meu Lector in fabula tentei mostrar como é possível encontrar uma fábula até mesmo sob o texto (aparentemente desprovido de enredo) que abre a Ética de Espinosa: Per causam sui intelligo id cujus essentia involvit existentiam; sive id cujus natura non potest concipi nisi existens.
   Há pelo menos duas fabulae encaixadas. Uma concerne a um agente gramaticalmente implícito (ego) que desempenha a ação de compreender ou significar e que, ao fazê-lo, passa de um conhecimento confuso a um conhecimento  mais claro de Deus. Recordemos que se intelligo é entendido como 'compreendo' ou 'reconheço', então Deus torna-se um objeto que não é modificado pela ação; porém, se por esse verbo se entende 'quero significar' ou 'quero dizer', então o agente institui, através do ato da própria definição, o seu objeto de discurso [...]
   Este objeto, com os próprios atributos, é além disso sujeito de uma outra fábula. É um sujeito que cumpre um ato através do qual, pelo fato de ser, existe. Parece que nesta aventura da natureza divina nada acontece, pois não há intervalo temporal entre atuação da essência e atuação da existência [...] Encontramo-nos certamente diante de um caso limite, no qual tanto a ação, quanto o curso de tempo encontram-se em um grau zero [...] É pouco para uma história de aventuras, mas é suficiente para que se perfilem as condições essenciais para uma fábula [...] O Leitor Modelo de uma história do gênero é um místico ou um metafísico [Obviamente, é nesse último caso que me incluo. Rsss], um cooperante textual capaz de experimentar emoções intensíssimas diante deste não-acontecimento, que não cessa de deslumbrá-lo por sua excepcionalidade. Também o Amor Dei Intellectualis é uma paixão ardente: experimenta-se estupefata e contínua surpresa ao reconhecer a presença da Necessidade."
   Eu gostei...

Montaigne e a poesia

   Uma bem curtinha.
  Segundo Michel de Montaigne (1533-1592), "Na verdade,  Filosofia é poesia sofisticada".
   Se nosso amigo Platão ouve isso, hein! Depois de expulsar os poetas da politeia, teria que expulsar os filósofos! Rssss.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Primeira postagem de 2013

   Aqui no Rio de Janeiro, temos a mania de dizer que o ano só começa após o carnaval, mas nem eu mesmo me dei conta de que levamos isso tão a sério... tanto assim que o blog só ganha seu primeiro post já passado o evento momesco.
   Aliás, acho que é a primeira vez na história do blog que um mês inteiro fica sem post algum.
   Levarei um tempo para responder os comentários dos queridos amigos, que deixaram seus recados carinhosamente, mesmo que o inepto autor do blog não atualizasse o mesmo. De qualquer forma, tentarei fazê-lo em breve.