Aproveito um post para fazer algumas considerações sobre os comentários do Aníbal e do Jhonatan, em relação ao nosso amigo Nietzsche.
Pessoalmente, acho que Nietzsche foi um pensador com "insights" poderosos. Entretanto, a formalização filosófica dessas primeiras intuições me parece meio "confusa". Mesmo reconhecendo que qualquer um pode modificar sua própria opinião ao longo da vida, bem como que pode - e, talvez, até deva - refletir a partir de diversos pontos de vista distintos - conforme o "bigodudo" propunha com seu perspectivismo -, há que se ter um certo "rigor" para fazer Filosofia.
O texto nietzscheano, muitas vezes, é de uma riqueza estética incrível. Acho isso ótimo. Aprecio muito um modo de escrever criativo e, por vezes, até poético. Mas, penso, a forma não deve ultrapassar em riqueza o conteúdo. E, aqui, muitas vezes, acho que Nietzsche mete os pés pelas mãos.
Um exemplo claro: Nietzsche questiona o modo como entendemos a linguagem. Em alguma medida, parece antecipar-se à Filosofia da Linguagem, nossa contemporânea. Portanto, "Nota 10" para a "intuição", mas... as idas e vindas nos textos tornam as ideias tão, desnecessarimente - imagino - complexas, que dificulta a expressão clara de tudo o que tem a dizer. Quando lemos os pretéritos Locke, Berkeley e os atualíssimos Quine e Chomsky, vemos uma linearidade na condução do assunto, que concordamos não só com a intuição básica, mas também com toda a teoria produzida a partir dela.
Sobre a questão do Eterno Retorno, penso que uma interpretação bastante razoável seria aquela referente à ação moral adequada - obviamente, entendendo "moral" sob uma perspectiva menos "moralista"... com licença do jogo de palavras. Desta forma, acabaria por concordar com nosso amigo Jhonatan. O problema é que a leitura admite claramente uma perspectiva cosmológica da noção apresentada - ou melhor, "reapresentada", se considerarmos os estoicos - por Nietzsche. Fica difícil, por uma leitura direta, rejeitar categoricamente essa perspectiva. Aliás, ainda teríamos que, dando reconhecimento às tais "experimentações perspectivistas" nietzscheanas, reconhecer que essa é uma possibilidade de leitura.
Em relação ao "sofrimento", não o estou vinculando, no post, aos sofrimentos psicológicos relativos à culpa ou ao remorso. Não, não! Estou falando dos sofrimentos reais, que contrariam, pelo menos aparentemente, o aumento da "Potência", se falássemos à la Spinoza, ou da "Vontade de Potência", conforme o vocabulário nietzscheano. Um exemplo "rasteiro": descubro que tenho câncer terminal. Estou morrendo. Esta situação de sofrimento, obviamente, vai contra a minha Vontade de Potência de continuar existindo. Mas, segundo o "amor fati", tenho que aderir a essa experiência amando-a... repito, AAAAMANDO-A!!!
Isso não parece estranho?
O texto nietzscheano, muitas vezes, é de uma riqueza estética incrível. Acho isso ótimo. Aprecio muito um modo de escrever criativo e, por vezes, até poético. Mas, penso, a forma não deve ultrapassar em riqueza o conteúdo. E, aqui, muitas vezes, acho que Nietzsche mete os pés pelas mãos.
Um exemplo claro: Nietzsche questiona o modo como entendemos a linguagem. Em alguma medida, parece antecipar-se à Filosofia da Linguagem, nossa contemporânea. Portanto, "Nota 10" para a "intuição", mas... as idas e vindas nos textos tornam as ideias tão, desnecessarimente - imagino - complexas, que dificulta a expressão clara de tudo o que tem a dizer. Quando lemos os pretéritos Locke, Berkeley e os atualíssimos Quine e Chomsky, vemos uma linearidade na condução do assunto, que concordamos não só com a intuição básica, mas também com toda a teoria produzida a partir dela.
Sobre a questão do Eterno Retorno, penso que uma interpretação bastante razoável seria aquela referente à ação moral adequada - obviamente, entendendo "moral" sob uma perspectiva menos "moralista"... com licença do jogo de palavras. Desta forma, acabaria por concordar com nosso amigo Jhonatan. O problema é que a leitura admite claramente uma perspectiva cosmológica da noção apresentada - ou melhor, "reapresentada", se considerarmos os estoicos - por Nietzsche. Fica difícil, por uma leitura direta, rejeitar categoricamente essa perspectiva. Aliás, ainda teríamos que, dando reconhecimento às tais "experimentações perspectivistas" nietzscheanas, reconhecer que essa é uma possibilidade de leitura.
Em relação ao "sofrimento", não o estou vinculando, no post, aos sofrimentos psicológicos relativos à culpa ou ao remorso. Não, não! Estou falando dos sofrimentos reais, que contrariam, pelo menos aparentemente, o aumento da "Potência", se falássemos à la Spinoza, ou da "Vontade de Potência", conforme o vocabulário nietzscheano. Um exemplo "rasteiro": descubro que tenho câncer terminal. Estou morrendo. Esta situação de sofrimento, obviamente, vai contra a minha Vontade de Potência de continuar existindo. Mas, segundo o "amor fati", tenho que aderir a essa experiência amando-a... repito, AAAAMANDO-A!!!
Isso não parece estranho?
2 comentários:
Primeiramente eu gostaria de agradecer pela recepção. Muito obrigado! (:
Agradeço também pela compreensão, tenho que dizer que refleti sobre o assunto interpretando esse novo post, e peço talvez, sendo meio modesto, rsrs, pra que tu releves, rsrs. "Comecei" a pouco tempo na filosofia, e digamos que comecei justamente pelo nosso queridíssimo "Fritz" :D rsrs então, percebo que tive uma visão meio instintiva e apaixonada do bigodudo e já fui expondo-a hehe, mas vendo por uma das diversas perspectivas possíveis sobre qualquer filosofia, independente do filosofo - essa perspectiva apresentada por ti no caso - reconsiderei e digo que, particularmente e sinceramente, achei show o post rsrs. Enfim, parabéns e obrigado mais uma vez!
Grande Abraço!
Caro amigo Jhonatan:
Imagino que amigos devam ser sempre bem recepcionados. Não poderia agir diferente com um amigo que já começou participando deste blog que, como sempre digo, é nosso.
Sobre Nietzsche, agora.
Acho que gostar de Nietzsche dá um trabalho enorme. Você poderia dizer que o mesmo se dá, por exemplo, com Hegel. Mas as coisas são diferentes. Cada um dos "sistemáticos" parece ter uma espécie de "espírito". Captando esse "espírito", basta trabalhar sobre as obras, que acabarão por formar um corpo único - mais inteligível quanto maior a familiaridade com os textos. Nietzsche parece ser muito "múltiplo" para ter só um "espírito". Desta forma, captar seu mundo é meio complicado. Além disso, há o problema de quem começa a ler suas obras sem perceber que há fases distintas nelas. Alguns livros são lidos e comentados com "conceitos" - não é fácil usar essa palavra com Nietzsche - que não pertencem ao período em que foram escritos, ou, pelo menos, que só estavam lá embrionariamente.
De qualquer forma, acho que vale sua "visão apaixonada". Segundo Platão - que nunca fala diretamente. Rsss -, movemo-nos rumo à "sabedoria" impulsionados por Eros (enquanto amor)... apesar de sermos apenas "philo-sophos", ou seja, "amigos da sabedoria".
Obrigado pela participação e um grande abraço.
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