segunda-feira, 14 de maio de 2012

Eu sou um metafísico

   Sempre faço questão de afirmar, em conversas com os amigos - mas também com os "adversários" -, que sou um "metafísico". Ao contrário das tendências "contemporâneas" e "pós-modernas", sou um "antigo-medieval-renascentista-moderno" metafísico. E, pior, ainda acredito em "Sistemas". 
    Parodiando Vinícius de Moraes, "Os contemporâneos que me perdoem, mas uma visão sistemática de mundo é fundamental!". Rsss.
   É certo que chamar um "moderno" para concordar comigo não é uma manobra totalmente isenta... mas, sabemos bem que o homem é tudo, menos completamente isento e desinteressado.
   Chamo "ao palco", então, Herr Kant para repetir o que escreveu  nos Prolegômenos, embora, com outras palavras, a ideia esteja também na Crítica da Razão Pura. Com a palavra, o Sr. Immanuel. Palmas para ele! (Clap, Clap, Clap!)
   "Que o espírito humano venha a renunciar totalmente às investigações metafísicas, é de esperar tão pouco como se, para não mais respirar o ar impuro, renunciássemos preferível e totalmente ao ato de respiração. Existirá, portanto, sempre no mundo e, mais ainda, em todo homem, principalmente naquele que reflete, a metafísica...".
   Obrigado, Sr. Kant. Foi um prazer tê-lo conosco nessa manhã. Palmas, novamente, pessoal!
(Referência: "Como é possível a metafísica como ciência?", nos "Prolegômenos")

10 comentários:

Marcelo Moreira disse...

Eu sou uma contradição! Assim, visito vosso texto com esperança de obter apoio! rs Confio mais na Filosofia (clínica?) que na psicologia! (fazemos há, pelo menos, 2500 anos o que eles fazem a 200 ou 300. rs)
Para explicar a contradição, quero dar um contexto; uma visão puramente pessoal, provavelmente censurável, quanto à forma acadêmica de dizer a mesma coisa: Dividamos a Metafísica em duas. A Metafísica Filosófica, e com ela toda a beleza vinda desde Sócrates até os contemporáneos (Em particular, rendo-me ao Bergson); e a Metafísica Popular, as manifestações religiosas.
Agora coloco minha contradição: Enquanto homem comum, vivo metafísico, interpretando meu passado metafísico (fui cristão) como preparação para meu presente metafísico (sou budista). Enquanto filósofo, flagro-me perseguindo a metafísica, mergulhando em discursos de ataque aos discursos metafísicos de meus interlocutores!
Seria o amigo capaz de apresentar diagnóstico ou veredito?

Ricardo disse...

Caríssimo amigo Marcelo:
Antes de tudo, gostaria de dizer que gostei muito de visitar o seu blog - junto com outros companheiros. Isso deve ter sido percebido, afinal, tornei-me um "seguidor" do blog.
Conforme eu disse, sou um metafísico. Dentro da sua divisão, certamente coloco-me do lado da "Metafísica Filosófica", e não ao lado da "Metafísica Popular".
Antes de comentar a sua "contradição", gostaria de dizer que já percebi que você é um budista de Nitiren. Sabe que já pertenci a essa mesma linha? Depois, passei para outra, e finalmente assumi-me simplesmente ateu.
Quanto à sua contradição, acho que ela é possível. O termo "insulamento" define bem a coisa. Os céticos definiam sua vida segundo um campo teórico - onde podiam suspender o juízo - e uma parte prática - em relação a qual tinham necessariamente que optar por algo.
Como Kant diz na CRPura, o homem se vê atormentado pelas questões metafísicas. Qualquer um se guia por elas. Alguns aceitam as respostas dogmáticas, outros tentam fugir dessas questões e nós, filósofos, tentamos encará-las de frente - mesmo, segundo Kant, não podendo respondê-las.
Depois que mergulhei de vez na Filosofia, percebi que não precisamos ir ao Oriente buscar respostas. Os gregos têm várias respostas que procuramos até hoje. Mas, como você percebeu, para mim, Spinoza "arrematou" tudo.
Grande abraço... e espero que participe sempre.

Marcelo Moreira disse...

SEU TRAIDOR!!! (Em resposta à questão do Budismo) rs Sou capaz de compreender seus motivos, assim, não cabe converter esta reflexão filosófica em uma pregação religiosa! rs

Gostei bastante de sua solução (ou explicação) para o caso que apresentei. Confesso que cochilei mais do que devia nas aulas de ceticismo, mas agora que trouxe à tona, recordo-me do "insulamento"! Será que sou um cético??? Devo retornar às leituras dos "neopirrônicos"? Porchat que me proteja! rs

Finalmente, devo revelar que careço de envergadura intelectual para seguir com este debate; noutras palavras, sou profundamente leigo em Spinoza. Comprometo-me a sanar tal deficiência assim que conseguir superar a "fila" de obras cuja leitura encontra-se pendente!

Que a Força esteja com você!

Anônimo disse...

Eu fico meio perdido nestas discussoes filosoficas do Meu Compadre, dizendo se metafisico, aí chega um amigo o Marcelo Moreira e se diz contraditório e eu também me perco nas explicaçoes dele , aí o Compadre responde e eu fico mais na dúvida ainda, hahahahahahaha, lógico que nao quero invalidar a discussao ou melhor o debate, apenas que eu que nao sei o que sou, fico meio perdido neste emaranhado argumentativo e muito bem fundamentado, mas como sou meio que intrusao , tentando participar do debate, contribuindo com minha ignorancia para manter me dentro do contexto, hahahahahahaha, eu realmente nada disse e tampouco trouxe lucidez no que escrevo, ao contrario dos amigos que se fundamentam em leituras e estudos, geralmente minhas intervenções saõ feitas mais na base da intuição e do pensamento proprio, desconectado de alguma alguma objetividade e nem sei se estou sendo subjetivo, esta mais parecendo ser uma necessidade de escrever algo para que alguma aproximaçao possa ser tentada de vir aqui e ler mais algumas questoes sobre o que esta sendo debatido entre o Compadre e o Marcelo,ou seja minha intençao nada mais é que fazer com que um dos amigos escreva algo , para que eu me deleite na minha va ignorancia, ou seja nada mais uma forma de chamar a atenção, hahahahahahaha, imagino o meu Compadre , lendo tudo isto que escrevi desconexamente e vindo me dar uma resposta elucidativa para mim, hahahahahahaha, acho que acordei meio que com Espirito de Porco, hahahahahahaha, amigos não se preocupem comigo, eu simplesmente resolvi escrever e pode ser que no fundo tenha até algum conteudo no que escrevi, mas na real eu mesmo considero que o meu longo texto nada mais foi do que de um Vazio tremendo.Abraços aos Dois.

Ricardo disse...

Caro Marcelo:
Assumo-me um "traidor" da "causa budista". Nada mais de "chakubukus" a partir das minhas palavras.
Mas, como eu já disse, a partir de determinado momento, percebi que me dava por satisfeito com a especulação metafísica por si só, sem referências religiosas.
Ainda assim, se tivesse que voltar a ser um "religioso", optaria pelo Budismo, em primeiro lugar.
Limpei minha barra, novamente? Rsss
Quanto ao "insulamento", acho que é o que vive a maioria daqueles ligados às religiões. Eu já tive oportunidade de trabalhar com pessoas que faziam belos discursos sobre as lições dos seus livros sagrados, mas que eram grandes preguiçosos e até desonestos. Ou seja, eles estão "isolando" o aspecto religioso de suas vidas daquele "prático" - ou "pragmático", melhor dizendo.
Eu só acho que esse insulamento tem um limite. E este limite é teórico, mas não moral.
Explico melhor: poucos cristãos, hoje, acreditam sinceramente que o homem não foi fruto de um processo evolutivo, a partir de espécies inferiores. Mas essa é uma questão muito mais teórica que moral. É certo que, strictu senso, há uma "contaminação" moral - mas isso seria complicar desnecessariamente a questão para nossos fins. Portanto, penso, dá para "conciliar" darwinismo e cristianismo, via insulamento... e continuar sendo um "cristão darwinista" feliz. Rsss.
Agora, não dá para pregar ética cristã e ser um sujeito amoral. Disso, o insulamento não dá conta.
Por enquanto, é só.
Abração,
Ricardo.

Ricardo disse...

Esse meu compadre...
Alguém já disse que todos nós somos filósofos - pelo menos, em potencial. Se isso é verdade, só o fato dessa sua "intuição" dar vazão à escrita de algo já pode ser um sinal de que os "filosofemas" estão borbulhando na sua cabeça. O que eu, particularmente, acho bom.
Se você for lendo e algo for fazendo sentido, melhor ainda. E aí é hora de você continuar ponderando sobre suas intuições - que sempre foram boas... Reconheço isso.
Abração.

Anônimo disse...

Meu Compadre de uns tempos para cá estou sentindo necessidade de voltar a estudar ,mas estou num dilema grande, pois existe a pressao em casa que eu estude algo que me traga renda , por exemplo, minha esposa me indicou fazer matematica, pela facilidade que ela diz que eu tenho com numeros e eu nao quero fazer matematica, tenho vontade fazer algo muito diferente de matematica que exige raciocinio lógico e eu estou muito longe de possuir este tipo de raciocinio, queria estudar algo ligado a escrita, em realidade , Filosofia poderia ser interessante se eu tivesse vocaçao para ler bastante , eu nao tenho, eu gosto de escrever e queria fazer algo em que estudasse e pudesse por meus escritos por aí, ando pensando e colocar em arquivos, alguns escritos meus, sou uma pessoa reconhecidamente com vies ironico no pensamento com um humor aguçado e critico, mas a necessidade de voltar a estudar é premente, mas como sempre estou perdido , pode dar alguma dica, hahahahahahahahahaha.

Marcelo Moreira disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Marcelo Moreira disse...

Saudações Amigo Ricardo!

Dada sua inclinação ao Budismo, em caso de "recaída religiosa", considere-se perdoado! rs Quando ao insulamento e a vivência cristã, chegou ao ponto chave que me fez afastar-me do cristianismo (conflito entre o que se pregava e o que se vivia). De qualquer modo, não transformarei este espaço em uma propaganda anticristã. Deixei muita gente sensacional lá dentro, amigos ainda hoje!

Ao amigo "Compadre" não darei conselhos, uma vez que foram solicitados ao Ricardo. Digo apenas que a inclinação à leitura pode ser contraída, como foi meu caso. Terminei o colegial tendo lido apenas um livro inteiro em toda a vida (incluindo literatura cristã neopentecostal, dez. rs). Passei a ler por imposição da graduação (Em Filosofia), e não é que gostei da coisa?!!! Agora não consigo parar!

Que a Força esteja com todos!

PS: Removi o comentário anterior para ajustes gramaticais!

Ricardo disse...

Caro Marcelo:
Prometo, então, que, em caso de uma "recaída religiosa", procurarei o amigo para me aconselhar. Rsss.
Mas... acho que não será esse o caso, agora.
Eu não vou estender muito o assunto, mas você sabe que eu comecei a questionar de forma definitiva o Budismo num momento onde muitos fazem o contrário - aceitando-o acriticamente -, que foi quando minha filha esteve por quase um mês numa UTI, e todos me diziam para fazer milhões de Daimoku?
Mas isso é outra estória. Aproveitemos nossa comunhão filosófica, embora eu ache que é possível conversar sobre religião sem proselitismo.
Abração.