Continuando...
"Quando a alma se apercebe de uma relação como que germinal, cuja harmonia, caso estivesse totalmente desenvolvida, ela não conseguiria ver de modo abrangente ou perceber de uma vez só, chamamos essa impressão de 'sublime' - e esta é a mais nobre que pode caber a uma alma humana.
Quando divisamos uma relação que, em todo o seu desdobramento, é suficiente para termos uma visão abrangente ou para compreendermos a medida da nossa alma, chamamos a impressão de 'grandiosa'.
Dissemos acima que todas as coisas existentes e vivas têm sua relação em si próprias. Portanto, a impressão que causam em nós, tanto individualmente quanto em conexão com outras, bastando que essa impressão se origine de sua existência perfeita, nós a chamamos de 'verdadeira'; e caso essa existência seja parcialmente limitada de modo a podermos compreendê-la facilmente, e esteja em tal relação com nossa natureza que apreciemos captá-la, chamamos a coisa de 'bela'.
O mesmo acontece quando pessoas, de acordo com sua capacidade, dão uma forma de totalidade - seja esta rica ou pobre, como se queira - à conexão entre as coisas, e depois fecham o círculo. Elas considerarão como o mais certo e seguro aquilo em que pensam mais confortavelmente, aquilo em que podem encontrar prazer. Na maioria das vezes, porém, se notará que elas veem com sossegada compaixão outras pessoas que não se contentam tão facilmente e aspiram a buscar e conhecer relações entre coisas divinas e humanas; e em toda oportunidade farão notar, de modo acintosamente modesto, que no 'verdadeiro' encontraram uma certeza que está acima de qualquer comprovação e entendimento. Não cessam de louvar sua invejável calma e alegria interior e indicam a cada um essa felicidade como sendo a meta final. No entanto, como nem são capazes de descobrir claramente por qual caminho chegaram a essa convicção, nem qual é efetivamente o motivo da mesma, e sim falam meramente de certeza como certeza, quem deseja aprender tem pouca confiança nelas, pois tem sempre de ouvir que a alma deveria tornar-se cada vez mais simples, dirigir-se a somente um ponto, esquivar-se de todas as variadas relações embaraçosas; apenas então se poderia encontrar a felicidade num estado que é dádiva voluntária e um dom especial de Deus.
Ora, segundo nossa maneira de pensar, não gostaríamos de chamar essa limitação um dom, porque uma escassez não pode ser considerada um dom; mas poderíamos considerar, isto sim, como uma graça da natureza o fato de - já que o ser humano é no máximo capaz de alcançar conceitos imperfeitos - ela ter cuidado para este sentir satisfação em sua própria estreiteza."
Eis aí! Comentários... interpretações... ?
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