quarta-feira, 30 de setembro de 2015

O "problema social" do arrastão (3)


   Um dos jovens responsáveis pela confusão foi identificado. Para surpresa de alguns, mas não para minha, não se tratava de um "pobre coitado", abandonado à própria sorte por pais desinteressados, ignorante, vítima das circunstâncias, ou seja, alguém determinado a ser um marginal por forças maiores que sua vontade. Não!
   Segundo informações da mídia escrita, a mãe do jovem de dezesseis anos disse: "Ele não precisa roubar. Quando vi a cena na TV, fiquei com vergonha. A gente ensina o caminho certo. Ele não pode viver fazendo mal aos outros. Bati nele assim que chegamos em casa".
    O jovem tem mãe. Ela indica que ele não tem necessidade de roubar. Há uma tentativa de transmitir valores ao jovem. A responsável, mesmo economicamente - e até socialmente - fragilizada, dentro da sua condição humilde de faxineira, entende que não se pode tomar como regra de vida "fazer mal aos outros", pois isso não cabe no convívio social.
   A estória se torna mais extraordinária, principalmente para aqueles que creem num determinismo social absoluto, que gera necessariamente um comportamento antissocial em pessoas em condições menos privilegiadas, quando sabemos que o pai do jovem - agora separado da mãe - nunca foi omisso. Apesar de trabalhar num serviço de entregas, o pai pagava colégio particular para o filho. Desistiu, quando o jovem abandonou a escola.
   Para fechar nossa estória, vamos às declarações do próprio jovem infrator: "Eu roubei porque quis, por prazer". Não se trata de necessidade ou de revolta, trata-se de "prazer". Ou seja, vale tudo pelo hedonismo. Se for assim, os justiceiros que pretendem dar "porrada" nos jovens que julgarem, a partir da aparência, "suspeitos", estarão mais justificados. Afinal, pelo menos eles acham que estão protegendo a sociedade à sua volta. 
    É óbvio que esta última ação não pode ser chancelada de forma alguma, mas se mostra mais compreensível que a outra.
   Fechando mesmo este post, vejamos o desmantelamento completo da teoria do "coitadismo". Diz o jovem que, após encontrar alguns amigos da comunidade no Arpoador: "Combinamos de roubar lá mesmo. Queria zoar. [...] Queria dinheiro para gastar comigo. Comprar uma roupa nova. Drogas, não uso".
   Nenhuma consciência de "luta de classes", ele só queria "zoar"...
   

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