sexta-feira, 8 de abril de 2011

Frei Betto e Marcelo Gleiser

   Outro dia, vi a resenha do livro "Conversa sobre a fé e a ciência", que reproduzia uma conversa entre Frei Betto e Marcelo Gleiser, mediada pelo escritor - dentre outras coisas - Waldemar Falcão.
   O assunto da conversa - "fé e ciência"... e não "fé versus ciência" - é por demais interessante e, quando discutido por duas personagens tão simpáticas quanto Frei Betto e Marcelo Gleiser, então, causa mais interesse ainda.
   Somente ontem, entretanto, é que consegui achar o livro. Obviamente, comprei-o... sempre com aquele pensamento "Mesmo que não seja para ler agora...". Mas o formato do texto, num bem articulado diálogo, é muito leve, servindo até mesmo como contraponto a leituras mais "dificultosas" - e obrigatórias. Portanto, não tive escapatória, e comecei a ler o livrinho - não tão "livrinho" assim, com suas mais de trezentas páginas.
   De uma tacada só, já na cama, antes de dormir, cheguei até a página 76. Nessa gostosa introdução, os "dialogantes" contam suas trajetórias de vida. Mas a coisa anda mais próxima de uma narrativa existencial, com as angústias, dúvidas e sentimentos de cada um, do que uma biografia maçante, onde se associam datas a fatos, simplesmente.
   Surpreende um pouco, por exemplo, saber que Gleiser foi um pré-adolescente "punk" e que não era bom em matemática. Da mesma forma que saber que o pai de Carlos Alberto Libanio Christo, o Frei Betto - não seria melhor "Frei Christo"?! Rsss -, era um senhor conservador, anticlerical e simpatizante político da "Direita".
   Além de conhecer a vida pessoal das personagens principais, começamos a ter informações sobre fatos e personalidades que, por algum motivo, vão se desenrolando e aparecendo na rede de estórias que Betto e Gleiser, além do mediador, viveram.
   Gleiser, por exemplo, conta que "Einstein fala que a coisa mais emocionante que uma pessoa pode experimentar é o mistério. E ele dizia que a ciência é uma forma de devoção religiosa, no sentido de você se dedicar a algo desconhecido. Essa entrega, essa devoção que o cientista tem ao não saber, é muito importante". Uma espécie de "religiosidade científica"?!
   Como curiosidade, Betto explica que "só para ministrar dois sacramentos é preciso ser padre: penitência ou confissão auricular... e a consagração do pão e do vinho [...] Hoje em dia, até mesmo leigo pode celebrar casamento, desde que delegado pelo bispo. Pode também celebrar batizado ou dar a unção dos enfermos". Depois completa que "Crisma, não, só sendo padre ou bispo".
    Antes de prometer escrever mais sobre o livro, quero registrar que o mesmo foi publicado pela Editora Agir, agora em 2011, e que segue a outro na mesma linha, "Conversa sobre o tempo", onde dialogam Luís Fernando Veríssimo e Zuenir Ventura, mediados por Arthur Dapieve - que deve ser bastante interessante, também!

3 comentários:

Anônimo disse...

Marcelo e Einstein eram piscianos não me assustam falarem que a ciência era uma fé religiosa.
Enquanto o Frei um Leonino falando de cargos, rsrsrs, o Leão precisa colocar o título profissional na frente, rsrs, normal pra quem tem o planeta SOL como regente. Bacana, gostei do seu post, vou tentar comprar o livro, me parece que vai dar para analisar esses talentosos seres. Abraço Cynthia.

raph disse...

Realmente e muito interessante o livro, principalmente por ser mediado pelo Waldemar Falcao, que foi uma excelente escolha para a ocasiao (os livros do Waldemar, "Encontros com mediuns notaveis" e "O Deus de cada um", sao fantasticos).

Abs--raph

Ricardo disse...

Queridos amigos Cynthia e Raph:
O que eu acho mais interessante neste blog é justamente a participação dos amigos que aqui vem.
Vejam só como é isso: a Cynthia traz uma análise astrológica das personalidades que compõem o diálogo, abrindo novas perspectivas de enfoque para as opiniões dos mesmos e o Raph traz uma referência ao mediador - que, infelizmente, até então, eu não conhecia -, enriquecendo a gama de informações daqueles que nos visitam.
Show de bola!
Obrigado pela participação de ambos!