Aplicar a Justiça nem sempre é fácil, mas há casos que realmente extrapolam todos os limites esperados de dificuldade. Um exemplo é o dessa situação publicada no site "Globo.com".
"Menor que matou irmão de 2 anos gera debate sobre Justiça nos EUA. Cristian Fernandez, de 13 anos, pode receber pena de prisão perpétua, sem possibilidade de liberdade condicional"
Um caso de direito penal envolvendo um menor na Flórida está causando um amplo debate nos Estados Unidos que vai além de questões jurídicas, fazendo a sociedade questionar o conceito de Justiça.
Cristian
Fernandez, de apenas 13 anos, está sendo julgado como se fosse maior de idade
por um tribunal do distrito de Duval County por dois crimes cometidos em 2011.
O menino é
acusado de ter matado por espancamento seu meio-irmão David, de 2 anos, e de
ter atacado sexualmente seu outro meio-irmão, um menino de 5 anos.
Se Cristian for
condenado por homicídio doloso, ele pode receber pena de prisão perpétua, sem
possibilidade de liberdade condicional.
O caso chamou
atenção não apenas pela idade de Cristian, mas também pelo passado de abusos e
de violência a que o próprio acusado foi submetido no ambiente familiar ao
longo de sua vida.
Marcas da
violência
Cristian nasceu
marcado pela violência. Sua mãe, Bianella Susana, deu à luz o menino quando
tinha apenas 12 anos. O pai de Cristian foi condenado a 10 anos de prisão por
ter estuprado a, então, pré-adolescente.
Quando tinha dois
anos de idade, o menino foi encontrado vagando de madrugada pelas ruas do sul
da Flórida, despido e mal cuidado. A avó, que era a responsável pelo menino,
estava trancada havia horas no quarto de um hotel de estrada, em uma maratona
de uso de drogas.
Alguns anos mais
tarde, em 2007, o Departamento de Crianças e Famílias da Flórida investigou uma
alegação de que Cristian havia sido abusado sexualmente por um primo.
O menino também
começou a dar sinais de distúrbio de comportamento, com um histórico de relatos
às autoridades locais de que ele havia matado um filhote de gato, além de ter
simulado atos sexuais e se masturbado na escola.
Mesmo assim,
Cristian apresentava um excelente desempenho acadêmico.
Em 2010, foi
constatado que o menino vivia novamente em um ambiente violento. O marido de
Bianella deu um soco no olho de Cristian, fazendo com que sua escola o
encaminhasse a um hospital.
Ao chegar à
residência da família, em um subúrbio de Miami,
para investigar a agressão a Cristian, a polícia encontrou o padastro do menino
morto. A causa da morte indicava suicídio com arma de fogo.
Julgamento
Um ano mais tarde, Bianella deixou Cristian sozinho em casa com os dois irmãos, quando David foi espancado. Ela demorou mais de oito horas para levar o filho de dois anos, que se encontrava inconsciente, até um hospital.
Um ano mais tarde, Bianella deixou Cristian sozinho em casa com os dois irmãos, quando David foi espancado. Ela demorou mais de oito horas para levar o filho de dois anos, que se encontrava inconsciente, até um hospital.
Em março deste
ano, a mãe dos meninos se declarou culpada por homicídio culposo, determinado
pela falta de intenção em provocar a morte da vítima, e pode ser condenada a 30
anos de prisão.
Agora, a juíza
Mallory Cooper enfrenta um dos casos de direito penal mais complicados já
vistos nos tribunais americanos.
Muitos advogados
e promotores apoiam a promotora estadual, Angela Corey, que pediu que Cristian
fosse julgado como adulto.
Mas acadêmicos de
direito e psiquiatria acreditam que a abordagem do direito penal no caso de
delinquentes juvenis deve ser mais humana.
'Precisamos
decidir se queremos um sistema que visa à punição ou à justiça', disse à BBC
Brasil Jenna Saul, médica especialista em psiquiatria forense.
Segundo a
psiquiatra, é possível que Cristian nem entenda as consequências dos seus atos
de violência, uma vez que, na realidade dele, a agressão física é uma forma de
mostrar frustração que não resulta em morte.
'Esse menino
deve, sem dúvida alguma, ser julgado por um tribunal para menores, onde podem
ser implementadas maneiras de reintroduzi-lo à sociedade', afirmou Saul."
Normalmente, quando nos revoltamos diante de algum crime hediondo, fazemo-lo contra pessoas plenamente responsáveis - ou, pelo menos, que imaginamos teoricamente serem-no. Mas neste caso...
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