Este blog é um reduzidíssimo espaço de amigos... uma espécie de "confraria". Não se trata, portanto, de um local de ultra-novidades... algo "fashion", diríamos.
Embora a manifestação dos amigos que aqui vêm seja também pequena - talvez, como já disse meu compadre Mundy, por minha própria falta de agilidade em responder aos comentários lançados -, sentimos o carinho daqueles que aqui escrevem.
O último comentário feito - ao qual respondi... Ufa! - foi do nosso amigo Aníbal. Para quem não o conhece, é um sujeito de criatividade imensa. É preciso "puxar um freio" para que ele não tenha cem blogs ativos. Rsss.
O fato é que ele, no comentário, disse que eu entendo profundamente a filosofia de Spinoza. Inicialmente, senti-me muito honrado pela opinião. Mas, sem falsa modéstia, não se trata de algo fácil de afirmar, e principalmente com o qual concordar. Explico o porquê.
O livro Spinoza and Spinozism, de Stuart Hampshire, mostra bem isso. É preciso, inicialmente, lembrar - conforme já postei aqui no blog - que o autor produziu seu primeiro livro sobre Spinoza (Spinoza: An Introduction to his Philosophical Thought) em 1951 e veio pensando no filósofo holandês até 2004, quando produziu o ensaio que dá título ao livro inicialmente citado. O livro Spinoza and Spinozism contém aquele primeiro, de 1951, outro ensaio influente (Spinoza and the Idea of Freedom), de 1962, além de Spinoza and Spinozism, produzido entre 2001 e 2004.
A questão é a seguinte. Em dado momento, Hampshire discute o complexíssimo segundo momento da Parte V, e diz: "It cannot be claimed that we can easily understand what exactly Spinoza means when he wrote: 'The human mind cannot be absolutely destroyed with the body, but something of it, which is eternal, remains' (Ethics Pt. V. Prop. XXIII)". A referência de que não podemos afirmar ser possível entender facilmente o que Spinoza quer dizer exatamente não é apenas retórica. Hampshire manifesta uma dificuldade que é de todos - ou, pelo menos, da grande maioria dos spinozanos. O autor não se detém, no entanto, e começa a analisar o ponto em questão. Mas ele humildemente diz: "But everyone must be left further to interpret these propositions as he can, or perhaps to confess that at this point he finds himself beyond the limits of literal understanding".
Como eu já registrei no blog, em algum outro momento, eu prefiro uma não explicação do que uma má explicação. Ou seja, eu prefiro, como indica Hampshire, confessar que determinadas coisas estão além do meu entendimento, do que aceitar - às vezes, por um mero argumento de autoridade - uma explicação abstrusa.
Bem... e o que isso tem a ver com a opinião de nosso amigo Aníbal? Tem que, mesmo agradecendo ao elogio, eu confesso que me encontro, várias vezes, em apuros - melhor seria aporias - com Spinoza. E o que eu faço é tentar entender o texto o melhor possível... apelando aos comentadores, mas cobrando deles a coerência com o todo da doutrina.
De qualquer modo, muito obrigado pela carinhosa opinião, caro Aníbal.
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