Pode parecer, mas eu não vou falar da ética contida no livro de Alexandre Dumas.
Os três mosqueteiros, no caso, é o grupo um de amigos formados por mim, pelo Henrique, pelo Levi e pelo Roberto - bem se vê que, como na estória, os "três" são quatro. Rsss. Esse nosso grupo só tem como objeto de convencimento, não espadas, mas argumentos filosóficos.
Dessa vez, a nossa discussão foi sobre ética. Como ninguém é de ferro, o "simpósio" ocorreu assistindo a jogos da Copa, regados à cerveja.
A Filosofia Prática quase sempre povoa nossas discussões, embora a Metafísica também mostre sua cara, às vezes.
Nossa conversa chegou ao ponto em que, em conjunto, repudiávamos ações de violência cometidas contra mulheres no Oriente. Apesar da obviedade da questão do repúdio à violência, ficamos discutindo sobre como é difícil estabelecer um valor comum, que possa ser colocado como base para todas as sociedades, a fim de que se evite o relativismo no campo moral. Mesmo falar em "vida", para ocupar o papel desse valor fundamental e maior, pode trazer sérias dificuldades, visto que há diversas ocasiões em que se imagina que vale a pena morrer por motivos religiosos, políticos ou sei lá o que mais. Portanto, esses valores seriam anteriores e mais fundamentais do que a própria vida.
Todos acabávamos aceitando que deveria haver algum valor em nome do qual se pudesse impedir uma mulher de ser apedrejada até a morte, por ter, por exemplo, traído seu marido. No entanto, a parte problemática é sempre ter a adesão do grupo que vive sob uma tábua de valores diferentes daquela que queremos "compartilhar" - para não dizer, honestamente, impor. Minha impressão é de que não é possível, em grande medida, um universalismo moral... nem mesmo no que concerne a valores mais básicos.
Mas mesmo que haja valores que possam ser compartilhados, há que se discutir se os "outros" a quem serão concedidos direitos que correspondam a esses valores serão todos ou só alguns.
Vejamos, por exemplo, o caso das mulheres apedrejadas... ou dos judeus e homossexuais, na época do nazismo. Eles não eram "outros" dignos de direitos. Nesse caso, fica fácil universalizar o valor e o direito, visto que não se comunica à totalidade das pessoas do grupo o acesso a estes valores e direitos.
Portanto, segundo minha opinião, mais importante do que o valor fundante da sociedade é concordar que esse valor seja comum a todos desta mesma comunidade.
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