No post anterior, eu falava de um quase "monoteísmo subversivo", que tenta, por métodos escusos, oficializar seus "valores" no seio de uma sociedade democrática. Faz isso trocando apoio - leia-se "votos" - por promessas de deixar de tratar questões sociais como tal, por rotulá-las como questões de fé.
Eu só não lembrei de uma peculiaridade brasileira: a falta de seriedade em tudo o que fazemos.
Não, não... não vou citar casos de políticos "cristãos" que oram antes de "aliviarem" os cofres públicos do excesso de dinheiro que eles contêm; nem de representantes de Deus na Terra que são pegos em situações mais embaraçosas do que os "mijões" de rua do carnaval carioca. Não! Definitivamente, não é disso que vou falar. Vou lembrar apenas os "pequenos delitos" que vemos no nosso quotidiano: são rapazes com adesivos "Deus é fiel!" que transitam pelos acostamentos nas estradas engarrafadas; são "honestos" fieis que fazem seus "gatos" de água, luz, internet e TV a cabo.
Talvez seja justamente essa falta de seriedade em tudo o que fazemos que não nos deixe ser dominados por um totalitarismo religioso aos moldes do Irã. Por aqui, os líderes religiosos acabariam fazendo suas "festinhas" com dinheiro público, onde beberiam o mais fino champagne francês, ouvindo a mais nova música que veio do outro lado do mundo... e não ficariam tão preocupados em recriminar o "Zé Povinho" por fazer o mesmo... guardadas as devidas proporções no preço da "farra".
Por um certo aspecto, então... Viva a falta de seriedade do brasileiro!!!
Lembrei de um texto do célebre filósofo francês, católico, Jacques Maritain, chamado "A significação do ateísmo contemporâneo". Neste opúsculo, Maritain, como teísta, obviamente tentará demonstrar a falta de coerência do ateísmo. Nada que se estranhe. O mais curioso, entretanto, é que, antes de atacar o ateísmo dogmático - digamos assim -, ele constrói uma teorização sobre os tipos de ateísmo. Ele, então, divide o "ateísmo" - que ele diz não ser apenas um, mas vários - em: (1) ateísmo prático; (2) pseudo-ateísmo e (3) ateísmo absoluto - este último é o que ele pretende refutar.
Sem me deter muito no texto, o mais interessante, nessa abordagem que faço da falta de seriedade tupiniquim, é o "ateísmo prático", que diz respeito àqueles que pensam crer em Deus, mas vivem como se Ele não existisse, ou seja, são aqueles que furam fila; andam no acostamento; fazem ligações clandestinas; enganam os patrões em seus serviços; etc. e tal.
Resumo da ópera: o Brasil é a população mais "ateia prática" do mundo... mas que Bento XVI não saiba disso!
Um comentário:
Ricardo, em Ateísmo Prático, você foi muito feliz, o pessoal que diz acreditar em Deus, faz justamente o que Ele não gosta, Semana passada li no jornal, um padre proibiu casamento na sua igreja, as mulheres estavam usando decotes indecentes durante a cerimônia, na verdade, muitos falam que são crentes só pra dar satisfação à sociedade, esta é a grande verdade.
Um abraço do mais agnóstico do Brasil,
Anibal.
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