Sobre quem vocês apostam que eu vou escrever?
Vamos lá...
Locke? Não, não! Esse foi acusado pelos próprios empiristas de não ser tão empirista assim. Afinal, o bom inglês admitiu um "não sei o quê" que acabava por se aproximar da substância dos racionalistas. Além disso, ainda confirmou que "as Matemáticas" tratavam de entes que não precisavam da empeiría.
Então, Berkeley? Não, não! Esse empirista é tão esquisito - na minha humilde opinião -, que nem acredita no mundo físico, o qual é usualmente associado às sensações que produzirão a experiência da formação dos conteúdos mentais - as "ideias", generalizando esse termo.
Ah... Hume?! O "mais radical dos empiristas", conforme se diz... Será mesmo? Na-na-ni, na-não! Apesar de gostar do Hume, pela radicalização do problema da natureza do conhecimento que ele põe, não ficaria com ele... que, em certa medida, teorizou a "experimentação" como uma mera análise das relações habituais... já que era isso o que a causalidade significaria.
Então, os amigos pensariam: "Esse sujeito vai sacar do fundo de um livro de História da Filosofia um pensador desconhecido e obscuro... só para aparentar um conhecimento que não tem!". E eu digo: "Erraram!"
Suspense feito... lá vai: Spinoza é o mais "empírico" dos empiristas modernos.
Spinoza? Um racionalista entre os empiristas? Confusos? Eu explico...
Obviamente, há que se "ajustar" o conceito que uso - aqui, livremente - de "empírico". Sendo a ideia básica brincar com as palavras, o "empírico" seria aqui o "experimentador", aquele que faz "experimentos" - no caso específico, experimentos ditos científicos.
Entre os três grandes empiristas citados, curiosamente, nenhum era devotado "cientista". É verdade que poderíamos recuar um pouco e pensar em Francis Bacon, mas mesmo este era mais um teórico da "Ciência Nova" do que um cientista, conforme a atual concepção da palavra. E aí é que entra o nosso Spinoza, que trocou cartas com mr. Oldenburg, secretário da Royal Society, de Londres, tratando não só de Filosofia - que era uma outra área de interesse deste alemão - mas também de ciência. Mais interessante ainda é que, na Carta VI, Spinoza comenta, a pedido de Oldenburg, um livro do famoso químico Robert Boyle, indicando alguns enganos - sobre os quais, a bem da verdade, parece que havia "tropeços" de cá e de lá -, e relatando os experimentos feitos pelo próprio luso-holandês. Diz-se ainda, que haveria indícios de correspondências perdidas entre Spinoza e Huygens, o grande cientista da Óptica - o que não é difícil de imaginar, visto a reconhecida competência do primeiro em lidar com lentes de precisão.
Portanto, Spinoza era o mais "empírico" dos empiristas modernos.
QED!!! Rsss.
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