Estava eu passando em frente à vitrine de uma livraria que gosto muito, quando vi "Somos maquiavélicos". Imediatamente, parei. Como aprecio muito o modo realista com que o florentino trata a Política, fui logo pedindo um exemplar. Comprado o livro, saí rumo ao dentista - destino final do dia.
Sentei-me confortavelmente na sala de espera - se é que alguém tem essa sensação naquela situação -, pondo-me a ler a aquisição mais recente. E...
Não é que esqueci o aniversário do ilustre italiano? Pois é... É hoje! Niccolò Machiavelli nasceu em 03 de maio de 1469, na pequena cidade de Montespertoli, em Florença. Parabéns, Machiavelli!!!
Aproveitando a "deixa" , faço um pequeno comentário sobre o livro. Inicialmente, dizendo que "Somos maquiavélicos" foi escrito por Júlio Pompeu, mestre em Direito e doutorando em Psicologia, que ministra cursos, inclusive, na Casa do Saber. A publicação é da Editora Objetiva, neste ano de 2011.
Talvez, mais impactante do que o próprio título seja o subtítulo: "O que Maquiavel nos ensinou sobre a natureza humana".
O texto em si nos informa a hipótese de Machiavelli - "a política é o que é porque o homem é o que é" - e indica que "o que dificulta o entendimento das ideias de Maquiavel é a 'feiura' da verdade sobre a natureza humana". E essa natureza humana, o livro explica, reduz o "homem a um ser desejante". O texto indica que, ao contrário de Platão, que faz do homem um "ser duplo", cindido entre uma alma que é morada da razão e um corpo, que o é das paixões, Machiavelli considera que "o homem é razão e paixão, simultaneamente".
Interessante, não?
Se fizermos uma leve substituição na afirmação anterior, mesmo correndo o risco de distorcer um pouco a tese maquiavélica, e pensarmos no homem como "razão e afeto, simultaneamente", chegaremos em... Spinoza!
Aos poucos avançarei na leitura... se bem que nem comentei o diálogo entre Marcelo Gleizer e frei Betto, ainda.
Santa Falta de Tempo...
3 comentários:
Amigo, sempre que venho; encontro textos que fascinam: sua leitura dos livros revela uma paixão singular e os lêem meio como Deleuze-Guattari usando de conjunções enão no nosso tradicional costume de ler com auxílio de uma lixeira.
Abraços com ternura, Jorge Bichuetti
Querido amigo Jorge:
Agradeço-lhe as palavras gentis.
Realmente, tento fazer uma leitura que acrescente algo - e permaneça - no meu "disco rígido" mental... que já está meio pequeno. Rsss. Mas, desse, não dá para fazer up-grade, não é? Rsss.
Os vínculos que crio podem até não ser totalmente válidos. Aliás, um amigo meu já disse que eu leio tudo com "lentes spinozanas". Mas cada um de nós tem suas lentes... mesmo que, na maioria das vezes, não saibamos disso.
Abraços ternos, também.
Ricardo,
Todos nós somos maquiavélicos por natureza, nascemos assim, estamos sempre buscando uma maneira de nos dar bem, até porque isto é puramente humano, estou sendo honesto o mais que posso, no fundo é isso mesmo, nosso procedimento tem sempre uma dose de astúcia que varia de acordo com o caráter de cada um, está na nossa genética, é, sob o meu ponto de vista, um mecanismo de defesa, somos portanto maquiavélicos até inconscientemente, às vezes fazemos coisas prejudicando o outro sem perceber, não tem como não ser maquiavélico, quando alguém ganha, consequentemente, alguém perdeu, não tem como dois no mesmo espaço, pelo fato de ter sido colocado do lado de fora, não significa que o perdedor não tentou ser maquiavélico, o problema é que o vencedor foi mais vivo, ou seja, mais inteligente, quando você estuda pra um concurso de uma única vaga, você procede de uma forma maquiavélica, digo, na sua intenção, você vai fazer de tudo, se esforçar ao máximo , pra passar por cima de todo mundo pra atingir seu objetivo, na questão, a única vaga.
É, digamos, duro demais o que estou dizendo, no entanto, é a pura verdade, eu seria um mentiroso se dissesse que não sou maquiavélico, donde concluo, que ninguém escapa desta sina, por mais que você lute contra, em algum momento de sua vida, você o foi.
Anibal.
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