Francis Bacon (1561-1626), como sabemos, foi um grande teórico das ciências... tão teórico que nem ciência fez. Foi, entretanto, um filósofo que pensou a necessidade de um "método científico" para bem conduzir as investigações nessa área. Seu "Novum Organum", com a noção da necessidade de depuração dos "preconceitos" motivados pelos "ídolos" - da tribo, da caverna, do fórum e do teatro -, é ótimo. Se é possível efetivamente livrar-se de tudo o que nos determina já é outra estória.
Outra coisa que não parece ter ficado muito "redondinha" no "Novum Organum" foi a concepção das tais "Tábuas", que complicaram mais do que facilitaram.
O fato é que, o método que "vingou" mesmo foi aquele mais "direto" do Descartes, com as quatro regrinhas básicas do "Discurso do Método"... e pronto!
A ideia, entretanto, de escrever sobre Bacon veio de uma ótima "tirada" dele em relação ao modo mais apropriado de se fazer ciência, que não deveria ser nem o dos escolásticos/racionalistas, nem o dos empiristas, e sim a sua "indução" - não "pueril", ao contrário daquela que ele identificava em Aristóteles.
Escreve o inglês:
"A propósito da natureza da pesquisa científica, o comportamento que se deve serguir não é o da aranha que tece a teia tirando o material de seu próprio corpo (assim fazem os escolásticos, que empregam o método dedutivo também para as ciências experimentais); não é também o da formiga, que armazena o material como o encontra e depois o consome, sem selecioná-lo nem limpá-lo (assim fazem os empiristas: eles acumulam observações, sem nunca chegarem à descoberta da causa). O modo certo de agir é o da abelha, que primeiro colhe o material de fora e depois o transforma em mel por meio de seu organismo”.
Antes que alguém queira falar mal do "racionalista-aranha" Spinoza, há que se lembrar do post em que eu destaco o espírito "empírico", mas não empirista, do luso-holandês.
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