Insiste-se em dizer que Nietzsche só "destruía" a sociedade e cultura, com suas críticas. Entretanto, seus admiradores sempre o defendem dizendo que, a esse momento "negativo", segue-se um outro "positivo", onde Nietzsche efetivamente estabelece um critério para uma "boa sociedade" - aquela dos "valores transvalorados". Esse é o chamado "Critério da Vida".
Tudo parece resolvido, então. Se temos um critério, fica fácil julgar a partir dele. Nietzsche não seria um mero "niilista" radical, então.
Surge, entretanto, uma questão: se existe um critério - que, etimologicamente, significa algo como um "instrumento para julgar" -, há que se ter um "juiz". O juízo passará, necessariamente, pelo crivo de uma "razão" - ainda que essa seja uma "razão" ampliada, envolvendo, por exemplo, o próprio corpo.
Sabemos, pelo próprio Nietzsche, que os "parâmetros" que serão utilizados em paralelo com esse "instrumento para julgar" são a afirmação ou a negação da "Vontade de Potência". Depreende-se, então, que há "liberdade" de escolha. Escolher-se-ão, obviamente, os valores que afirmam a "Vontade de Potência".
Surge, então, a dificuldade de explicar como se dá essa escolha livre em um mundo que "transcorre" num "eterno retorno do mesmo".
Mais uma... Se é preciso uma adesão completa à "vida", através do "amor fati", seja sofrendo, seja gozando, onde estará a afirmação da "Vontade de Potência" no sofrimento?
Quanto mais eu leio Nietzsche, mais eu acho que ele se enrolou nas próprias ideias.
2 comentários:
ricardo,
quem não se enrolaria em temas complexos como os abordados por nietzsche? depois, a época em que viveu (1844-1900), a bela época, que não tinha nada de bela, foi realmente muito agressiva ao espírito de nietzscihe, que acabou levando o grande filósofo à loucura. realmente concordo com você quando diz que nietzsche foi contraditório nas suas ideias, todavia, devemos levar em conta que ele foi um homem corajoso em delatar a hipocrisia religiosa, que impera até nos dias de hoje e criticar uma sociedade baseada na ética dos costumes, sob os preceitos de deus e, que, também, perdura até nos nossos dias.
Concluindo, gostei muito do seu texto, você aborda o tema de uma forma inteligente, é isso aí, amigo.
abraços,
anibal.
Sobre a questão do eterno retorno do mesmo, ao meu ver é uma hipótese proposta por Nietzsche que implica em determinar um agir com base no querer de novo e não uma ação já determinada que não permite escolha por já ter sido.
E quanto ao sofrimento, não diz respeito ao sofrimento no sentido corriqueiro, de culpa, má consciência ou remorso mas sim no afirmar a vida como ela é, aí entra a Vontade de Potência.
Opinião de um leigo nietzschiano Rsrs.
abraços.
Jhonatan
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