Para comemorar os dez anos do Laboratório de Estudos Hum(e)anos, foi promovido o evento I Colóquio sobre Ceticismo, na Uff, nos dias 13 e 14 de junho passados.
Eu, para minha sorte, faço parte do Grupo de Estudos dos professores Cesar Kiraly e Rodrigo Brito. Os dois, apesar de jovens, são espantosamente competentes. Com o professor Rodrigo, tenho mais contato... e percebo o seu "espírito cético" descortinando os mistérios de todos aqueles textos clássicos. Com parênteses, aqui, para o fato de que ele usa o texto em Inglês e dá aquela conferida no original em Grego. Ah... meu Grego I não é suficiente para isso. Rsss.
Mas... voltando ao Colóquio.
A abertura foi feita por ninguém menos que DANILO MARCONDES - esse tem que ser todo em maiúsculas mesmo, já que ele é "O cara".
Outro "monstro sagrado" é o professor Renato Lessa. Este abriu o segundo dia, com a "inesperada" comunicação "O absoluto da preguiça".
Aliás, esses dois protagonizaram uma cena muito engraçada. Depois do professor Danilo apresentar sua comunicação sobre a história do "Argumento do Conhecimento do Criador", o professor Renato Lessa afirmou que Danilo era tão bom que conseguia "inventar" um argumento e "embuti-lo" nas doutrinas de diversos pensadores - sem que eles mesmos o tivessem utilizado -, construindo uma história do mesmo.
Só mesmo duas "feras" para dialogar nesse nível.
Por questões pessoais, gostei muito da comunicação do professor Gustavo Bernardo, da Uerj, "O Deus da ficção e a ficção de Deus". Esse, aliás, fez um comentário bem interessante, quando, afirmando-se ateu, disse que, bem ao encontro da ideia central do colóquio, se esforçava para ser um cético, apesar de, até aquele momento, só ter conseguido ser um "dogmático negativo", enquanto ateu que era.
A comunicação mais "apaixonante" foi proferida pela "doce" professora Lívia Guimarães, da UFMG, sobre "A morte filosófica de Hume". O texto foi extremamente poético... embora, particularmente, eu discorde da ausência de angústia na morte de Hume por questões filosóficas... afinal, era ele mesmo que se dizia "desorientado" com suas proposições filosóficas, feitas no interior de seu escritório, considerando que a "cura" para essa confusão vinha do seu contato com a "realidade" empírica.
Durante a comunicação, nosso querido Sócrates foi citado como alguém que teve uma "boa morte filosófica". Entretanto, quem se debruça, por exemplo, sobre o Fédon, sabe que, na verdade, o "moscardo de Atenas" não se preocupava com a separação entre corpo e alma justamente porque desprezava a vida corpórea. Portanto, não há mérito nessa atitude, visto que a morte representava a cura de uma "doença", e não o enfrentamento de uma situação desafiadora, onde se necessita da virtude da andréia, ou seja, da "coragem"... à la Estoicismo.
Eu só tenho a agradecer ao professor Rodrigo Brito a oportunidade de participar desse "Circo de Feras"... ainda que a distância... para não ser "abocanhado" e "engolido" por nenhum desses "amigos [mais próximos] de Spinoza".
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