Os manuais insistem em afirmar que a Filosofia é o momento, na longínqua Grécia, em que o Lógos "derrota" o Mythós. Lemos isso, damo-nos por satisfeitos, e repetimos para nossos queridos neófitos em Filosofia.
Nem precisamos ir tão longe em nossos estudos para perceber que a coisa não é bem assim... ou não é nada assim. Logo depois que ultrapassamos a barreira dos pré-socráticos, e vamos ler o Sócrates platônico mais tardio - pós-aporias - deparamo-nos com o "criador de mitos", Platão, usando-os "a torto e a direito".
Estou lendo um ótimo livro, chamado Platão e a imortalidade: mito e argumentação no Fédon, de Rubens Garcia Nunes Sobrinho, publicado pela Editora Edufu, em 2007. O autor mostra, apoiado em outras feras do Platonismo, a relação de Platão com os mitos, e conceitua maravilhosamente o "Mito Filosófico", apartando-o do mito comum. E é justamente do "mito filosófico" que Platão se vale para reforçar sua teia de argumentos.
Percebida essa sutileza, não é que até fiz algumas concessões ao estilo de Nietzsche?
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