A revista Veja, desta semana, apresenta como matéria de capa "Guerra nas estrelas", indicando que está acontecendo um movimento no qual "a astronomia demole as crenças astrológicas".
Quando se vai ao artigo, lê-se que "duas semanas atrás... O astrônomo americano Parke Kunkle... veio a público afirmar que está errada a interpretação dos movimentos celestes usada pela astrologia para determinar os signos de acordo com a data de nascimento das pessoas". O texto mostra a afirmação de Kunkle de que "É errado quando um astrólogo diz que o Sol estava em Aquário em 21 de janeiro de 2011. Ele estava, na verdade, em Capricórnio".
Embora, para os crentes em astrologia, a afirmação seja problemática, ela está longe de ser uma novidade. Já, antes de Kunkle, muitos afirmaram que as configurações do céu que vemos atualmente estão muito longe daquelas que os primeiros estudiosos da relação dos céus com a vida humana observaram e mapearam. Apesar disso, o que mais vemos são pessoas consultando diariamente seus horóscopos nos jornais, acreditanto que poderão, a partir disso, ter algum conhecimento dos acontecimentos futuros.
Apesar de achar que a matéria esteja muito boa, na verdade, ela só serve de ponte para algo interessante que li sobre Paul Feyerabend, em "Explicando a Filosofia com Arte", de Charles Feitosa, publicado pela Ediouro.
"Em 1975, foi publicado nos Estados Unidos um manifesto contra a astrologia, assinado por 186 renomados cientistas, entre físicos, matemáticos, químicos, além de dezoito ganhadores do prêmio Nobel" - lista gabaritada, hein, pessoal!
Pois bem, o fato é que o "problematizante" filósofo austríaco Paul Feyerabend apontou o "caráter autoritário da declaração pública dos cientistas ao mostrar que ela não se baseia em argumentos ou no conhecimento detalhado da matéria por parte dos signatários, mas sim por um profundo preconceito e arrogância". Segundo consta, "muitos deles confessaram em entrevistas à rede BBC de Londres nunca terem estudado astrologia". E segue um elogio àquele período que constumamos chamar de "Idade das Trevas": "Até os teólogos católicos medievais procediam de forma mais cuidadosa na investigação das heresias, pois segundo o filósofo austríaco: 'conheciam a matéria, conheciam os adversários, expunham corretamente suas doutrinas e argumentavam contra elas utilizando todas as informações de que dispunham na época'". É certo que, se os argumentos lógicos não funcionassem tão bem, havia sempre os castigos físicos e a fogueira para convencer os hereges a desistirem de suas teses.
Destaque-se o fato - o que o texto em questão faz - de que o objetivo do compatriota de Wittgenstein "não era defender a astrologia, mas denunciar tanto a prepotência de certos setores da ciência moderna, como a crença ingênua da sociedade na sua imparcialidade".
Eu lembro logo de Heidegger - e outros - denunciando as "verdades" da "técnica"!
2 comentários:
Entre tanta filosofia, eu... esquizoanalista de plantão, só queria aqui dizer: sou escorpião, um bichho entre tantoss, e uma vida na esperança de uma qualquer revolução.
Abraços com ternura, Jorge
Coincidentemente, caro Jorge, também sou escorpiano... ou era... ou pensava que era. Rsss.
Uma surpresa negativa para os escorpianos que creem em Astrologia é que o signo Escorpião passou a "cobrir" apenas sete dias - agora em 2011, de 23 a 29 de novembro -, perdendo espaço para um outro signo a ser criado - com o nome sugerido de "Serpentário" (Ophiuchus), que duraria as outras três semanas que pertenciam originalmente a Escorpião.
Abração.
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