sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Com vírus...

  Há alguns anos, a "amiga dos amigos" Maria inoculou um vírus em mim. Acho que ela só queria me fazer de cobaia, certamente não era nenhuma maldade dela, que representa a gentileza em pessoa.
  De qualquer forma, com o passar dos anos, esse vírus foi se multiplicando, e hoje tornou-me um dependente do remédio que ele requer para "tranquilizar-se". O nome da afecção produzida pelo vírus é "ruivelosite". Quem contrai essa afecção - que não é doença, nem mal algum - torna-se dependente de doses "cavalares" de audições do cantor Rui Veloso, compatriota de nossa querida amiga.
   Cansado de permanecer utilizando apenas o "medicamento" original presenteado pela Maria e de arriscar algumas doses disponíveis no You Tube, acabei apelando à sorte e consegui a discografia completa do cantor Rui Veloso.
  Não há como descrever a experiência de acesso aos novos "remédios", principalmente a um chamado "O concerto acústico" - pérola preciosa! Além de me acompanhar nas caminhadas - no mp3 Player -, Rui Veloso insiste em andar no meu carro, cantarolando suas ótimas músicas.
  Só posso, então, agradecer à "pesquisadora" Maria e dizer-lhe que estou totalmente dominado pelo vírus que causa a "ruivelosite"... sem nenhuma preocupação com isso. Rsss.
  Brincadeiras à parte, há uma sequência do CD "O concerto acústico" que é fascinante: A gente não lê; Nunca me esqueci de ti; Bairro do Oriente; Saíu para a rua; Nativa... mas há ainda, Jura; Todo o tempo do mundo; Porto Covo... e, aí, aparece o segundo CD da caixa, com O prometido é devido; a dançante Lado Lunar; A paixão; Presépio de lata; Cavaleiro andante; Primeiro beijo e Porto Sentido.
  Simplesmente, demais! Pessoalmente, considero imbatíveis "A gente não lê"; "Nunca me esqueci de ti" e "Saíu para a rua".
  Mas, aproveitando os últimos posts dedicados ao "destino", lembrei-me de outra música de Rui Veloso que pode até criar alguma polêmica, mas que é muito bonita, principalmente cantada em dueto com ... (que me diga o nome a especialista, Dra. Maria), chamada "Canção do alterne".
  Nela, há o seguinte trecho:
  "Para de chorar e dizer que nunca mais vais ser feliz.    
   Não há ninguém a conspirar para fazer destinos negros de raiz.
   Para de chorar. Não ligues a quem diz que há nos astros o poder de marcar alguém só por prazer.
   Por isso, para de chorar; carrega no batom; abusa do verniz; põe o ponto nos 'is'.
   Nem Deus tem o dom de escolher quem vai ser feliz".

   Em relação aos posts anteriores, aparece a clara alusão à astrologia com o "[não] há nos astros o poder de marcar alguém".
   Mas, certamente, a frase mais forte é "Nem Deus tem o poder de escolher quem vai ser feliz"... e eu deixo a polêmica para o Rui Veloso.


4 comentários:

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Querido Ricardo, não conheci ainda o vírus, mas me encantou...
Nem Deus faz o que um baton vermelho realiza...
Gente é feita pra brilhar, e o engano e o desenganno humano, principalmente, quando estamos mal, é que nos vitimizamos e esperamos o brilho de fora...
Um baton vermelho não traça escritos nas estrelas mas tatua os encantos do asfalto...
Brilhemos!
Penso que até Deus nos olha e diz, com esta sua cara-alma-vida, nem eu...
Abraços com ternura, Jorge

Ricardo disse...

Caro amigo Jorge:
Achei que você foi extremamente feliz no "tecido" que produziu "costurando" as palavras no seu comentário.
Realmente, o "engano e o desengano humano" produzidos pela autovitimização acabam fazendo esperar a "verdade" que nos iluminará apenas vindo "de fora". Ou seja, como diria o querido Spinoza, torna-nos passivos diante do mundo.
Como você bem disse, se o "baton vermelho não traça escritos nas estrelas", pelo menos, pode ter a força de "tatuar encantos" no coração dos amantes, que reacendem suas chamas interiores e brilham.
Obrigado pelo excelente comentário.
Grande abraço.

Ricardo disse...

Ah... já ia esquecendo... procure no You Tube, principalmente aquelas músicas que destaquei.
Acho que vai ficar encantado em ser mais um "afectado" pelo vírus da "ruivelosite".

Clara Maria disse...

Senhor Ricardo!!
Estava ainda aqui meia atordoada com o post do Ricardo, a pensar quando li o título “O que eu fiz de errado desta vez?!”. Eu que sou um pouco não só desastrada como infantilóide, sobretudo na forma de observar o mundo, quando abri e li o post fiquei extasiada com as sempre admiráveis ligações que o Ricardo faz, aqui onde se adora fazer ligações, hiperligações, megaligações e outras coisas acabadas em ões , quando vamos( eu e a minha amiga siamesa ,como alguns garotos dizem) criando as peças de teatro que quase sempre têm peças soltas, personagens inadequadas, cenários inacabados, histórias onde o fim não se vislumbra e coisas que tais. Fogo, apeteceu-me mandar tudo para as ortigas e ficar apenas lendo seus posts e comentários dos seus amigos… Senti-me uma perfeita ignara.
Bem mas algo mais estava para surgir, estava ainda boquiaberta com o post do Ricardo quando abro os comentários e zás…Em meia dúzia de palavras o Jorge e o Ricardo , como se de mágicos se tratassem , trataram as palavras por tu , montaram umas metáforas e fiquei eu aqui abananada e reduzida à minha insignificância. Ufa, isso não se faz, senhores!!
Quanto à música eu também ouço muito da vossa música chegando mesmo a usá-la nas aulas, estou a lembrar-me da Betânia e do álbum “Imitação da vida”, onde a simbiose é perfeita: uma voz sensual (da Betânia) com a quase sempre introdução das palavras do meu (nosso) Pessoa. Depois têm o Vinicius, Chico Buarque, Baden Powell, Elis…
Que bom que entre aqui e aí podemos trocar gostos, palavras, ideias…mesmo com um oceano a separar-nos. Nunca um oceano foi tão grande e tão pequeno ao mesmo tempo.
Obrigada por partilharem.
Maria
PS- Onde anda o Mundy e o Júlio? Se não me falha a memória(e já falha muito) o Júlio não faz anos para o próximo mês?