É certo que conhecemos vários termos filosóficos cuja tradução não consegue expressar a força do conceito do idioma original. Normalmente, isso acontece muito com termos em grego. Ficamos tendo que "cercar" uma palavra apenas, na língua-mãe, com uma série de termos, a fim de criar um conceito ao menos proximamente equivalente.
Há, entretanto, uma expressão muito comum em Português que me parece, acidentalmente pelo menos, não ter a mesma força que tem em outras línguas - e eu pego logo o Inglês como comparação -, que é "livre-arbítrio". É bem verdade que em Francês ocorre o mesmo, com "libre arbitre"... ao contrário do alemão, que mantém o conceito bem próximo ao expresso em inglês, com o seu "willenfreiheit".
"Vontade livre" parece ser a expressão que melhor indicaria o que se pretende efetivamente conceituar. Aliás, as sempre boas traduções das Edições 70, no livro "Mente, cérebro e ciência", de John Searle, utilizam a expressão "liberdade da vontade".
A ideia que "vontade livre" passa é muito mais ampla do que "livre arbítrio". Basta uma simples comparação para se perceber esse fato. Imaginemos que chegamos a uma loja de roupas e, vendo uma T-shirt interessante, pedimos à vendedora uma de cor roxa com bolinhas prateadas. A moça explica que só há camisas daquela em tecidos lisos e, mesmo assim, só em cores mais neutras, como bege, branca e preta. Podemos arbitrar livremente entre as cores dadas, escolhendo, por exemplo, o bege... mas, podemos continuar, ainda assim, com a nossa vontade livre, querendo o roxo com bolinhas prateadas. Ou seja, o alcance da "vontade livre" ("free will) se mostra maior que o da simples escolha livre/livre arbítrio ("libre arbitre").
Se esse post parece um pouco estranho, por só analisar expressões, em vez de fazer reflexões filosóficas, é porque estou debruçado justamente sobre o tema "liberdade em Spinoza". E a primeira coisa que salta aos olhos é que o luso-holandês consegue defender a possibilidade de uma liberdade sem livre arbítrio. Isso choca muito àqueles que se encontram pela primeira vez com este filósofo. Penso, portanto, que a primeira coisa a fazer é trabalhar sobre o conceito de "liberdade", evitando confundi-lo com o de "livre arbítrio".
Em breve, colocarei mais posts sobre o assunto.
A ideia que "vontade livre" passa é muito mais ampla do que "livre arbítrio". Basta uma simples comparação para se perceber esse fato. Imaginemos que chegamos a uma loja de roupas e, vendo uma T-shirt interessante, pedimos à vendedora uma de cor roxa com bolinhas prateadas. A moça explica que só há camisas daquela em tecidos lisos e, mesmo assim, só em cores mais neutras, como bege, branca e preta. Podemos arbitrar livremente entre as cores dadas, escolhendo, por exemplo, o bege... mas, podemos continuar, ainda assim, com a nossa vontade livre, querendo o roxo com bolinhas prateadas. Ou seja, o alcance da "vontade livre" ("free will) se mostra maior que o da simples escolha livre/livre arbítrio ("libre arbitre").
Se esse post parece um pouco estranho, por só analisar expressões, em vez de fazer reflexões filosóficas, é porque estou debruçado justamente sobre o tema "liberdade em Spinoza". E a primeira coisa que salta aos olhos é que o luso-holandês consegue defender a possibilidade de uma liberdade sem livre arbítrio. Isso choca muito àqueles que se encontram pela primeira vez com este filósofo. Penso, portanto, que a primeira coisa a fazer é trabalhar sobre o conceito de "liberdade", evitando confundi-lo com o de "livre arbítrio".
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