Dentro da história contada por Luiz Eduardo Soares - já comentada no post anterior - há uma passagem interessante, que demonstra a sensibilidade do autor.
O trecho aparece durante a tal conversa com o taxista, num ponto em que o mesmo apresenta todo o seu "ódio" contra o ladrão-assassino dizendo que nada acontecerá a ele. A afirmação é a seguinte: "Não vai acontecer nada, porque nosso país é a terra da impunidade. Esse pessoal dos direitos humanos vai proteger o garoto. O delinquente não vai para a prisão porque é menor de idade. Daqui a dois, três anos, o homicida está por aí, livre, matando outros pais de família. Ele deveria ser linchado. Pena não haver pena de morte no Brasil. Queria ver esse cara torrando na cadeira elétrica".
Neste ponto, Luiz Eduardo Soares escreve: "Sabia que era meu dever responder, ponderar, repelir a acusação que fazia a mim e a meus colegas, militantes dos direitos humanos, mas o homem estava tão emocionado [...] Naquele momento, não era o homem que falava; era seu coração, a sua dor [...] Há situações em que convidar o outro a raciocinar sobre um ponto de vista diferente já é, em si mesmo, um ato de hostilidade, de incompreensão do drama que a pessoa está vivendo. Há circunstâncias em que argumentar é impróprio e até agressivo, independente do conteúdo da argumentação".
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