O "Caderno B" do Jornal do Brasil desse fim de semana trouxe matéria sobre o documentário "Budrus", da brasileira Júlia Bacha.
Franz Valia, autor do texto, começa de forma brilhante dizendo: "Os conflitos entre palestinos e israelenses estão longe de ser resolvidos através da retórica dos políticos de ambos os lados, mas ativistas e pessoas comuns que estão na linha de frente das disputas territoriais começam a se unir para defender interesses comuns".
E o que o documentário da diretora carioca mostra é algo improvável: "os esforços de um ativista palestino (Ayed Morra) em unir os rivais do Hamas, Fatah e israelenses, habitantes da pequena cidade de Budrus, para impedir a construção de um muro pelo governo de Israel, que separaria ao meio sua cidade. O muro tomaria trezentos acres de terreno e mais de três mil oliveiras, que são cruciais para a economia local".
Muitos poderiam fazer a observação de que o que uniu os "adversários" históricos - para não usar a expressão mais forte, porém, talvez, mais verídica, "inimigos" históricos - foi um fato meramente circunstancial e que esse esforço conjunto foi apenas pragmático. Eu até concordo. Mas o importante é perceber que, pelo menos, houve espaço para algum diálogo e esforço conjunto. E isso é um aspecto altamente relevante. Afinal, não seria bastante pragmático, também, deixar de ver os filhos morrendo, de todos os grupos envolvidos citados, por conta dos conflitos que se arrastam há anos naquelas regiões?
Parabéns, inicialmente ao Sr. Ayed, depois a todos os que se dispuseram a participar desse esforço conjunto... e também à nossa compatriota que registrou esse fato histórico!
2 comentários:
Realmente muito legal a iniciativa, mas talvez seja um Oasis num meio de um deserto , pois as partes estao longes de procurarem se entender o ódio que um povo nutre sobre o outro se sobrepoem as iniciativas citadas no documentário, é uma pena que deste gesto poderiam se conscientizar que o melhor caminho seja o do entendimento, bem vou ficando por aqui.
Querido compadre:
Mesmo sendo um pingo d'água em um vulcão, é algo a ser destacado. Afinal, antes, nem esse mísero pingo existia.
Faço votos que um dia esse pingo vire uma chuva torrencial de esforços por diminuir essa loucura que é um ser-humano desrespeitando o outro de forma tão profunda, seja lá porque causa for.
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