Da mesma forma que eu não conhecia o texto de Fichte sobre Machiavelli, nunca pensei em ler um artigo sobre Spinoza escrito pelo autor de "Admirável Mundo Novo" e "As portas da percepção", Aldous Huxley.
Mas nesses dias, andando por um "sebo" - ou "alfarrabista", para nossos amigos portugueses -, vi na seção de Filosofia um livro de Aldous Huxley chamado "Visionários e Precursores". Fiquei curioso e peguei o livro para dar uma olhada. São vários artigos, sendo o primeiro sobre Pascal, o segundo sobre Spinoza - com o título deste post -, além de outros sobre Baudelaire, São Francisco e etc.
O título do texto faz referência ao escrito de Spinoza que fala sobre um verme imaginário que habitasse o interior do sangue e tivesse discernimento suficiente para perceber que as diversas partículas sanguíneas formam, em realidade, um "todo". Huxley indica, então, que "o fundo da questão - e este é o fundo de toda a filosofia de Spinoza - é que deveríamos viver, mover-nos, ter a nossa existência no infinito, em vez de a ter no finito; que deveríamos relacionar nossos pensamentos com a unidade universal, não com as particularidades individuais".
Eu não diria exatamente que Spinoza propôs que deveríamos deixar de "relacionar nossos pensamentos com as particularidades". O luso-holandês dizia que tínhamos que perceber as partes, suas relações mútuas e as relações destas com o "Todo". E as relações com as particularidades são necessárias justamente porque são esses "encontros" que poderão aumentar - mas também, diminuir - nosso "conatus"... trazendo-nos a alegria e a beatitude - ou, infelizmente, a tristeza.
De qualquer forma, o texto é interessante.
Uma passada de olhos pelo livro dá uma visão de quanta cultura tinha o Sr. Huxley, dominando assuntos bastante diversos. Com o passar do tempo... e da leitura, registrarei mais algumas coisas.
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