Aqueles que acompanham o blog sabem o quanto aprecio Frau Hannah Arendt. Por esses dias, numa visita à livraria de dentro da Universidade, encontrei - e, obviamente, comprei - o livro "Hannah Arendt - Entre o Passado e o Futuro", organizado por Adriano Correia e Mariangela Nascimento, publicado pela Editora UFJF.
A capa não poderia representar melhor o subtítulo do livro. Nela, foram colocadas, lado a lado, as fotos da jovem judia Hannah - de compleição magra, mas transbordando força vital - e da velha senhora Arendt - com um sorriso no rosto, mas que não deixa, também, dúvidas sobre a potência existencial ainda reinante ali.
O prefácio - que corresponde ao artigo "A presença de Hannah Arendt" -, escrito pelo professor Newton Bignotto, do Depto. de Filosofia da Univ. Federal de Minas Gerais, em certa medida, fez-me refletir novamente sobre a decrença que vivemos em relação à Política, nesses tempos de proximidade de eleições. Aliás, esse sentimento angustiante pode ser percebido no escrito da nossa amiga dos amigos Denise, no seu comentário ao último post.
Vamos ao que escreve o prof. Bignotto sobre o livro escrito por Arendt em 1958: "A condição humana é um extraordinário elogio da política e uma aposta em sua importância num mundo no qual ela parecia relegada a um segundo plano. Perguntada certa vez se essa atividade ainda fazia sentido, Arendt respondeu que sim, pelo simples fato de que ela se identifica com a liberdade. Sua resposta naquele momento, e talvez hoje também, não tinha nada de óbvia".
O desencantamento com a política - principalmente com a má política - é um fato, atualmente. Mais curioso ainda é que até o "encantamento" com ela passa por manipulações que são fruto da má política. Ou seja, até o que parece participação, por vezes, é fruto de manipulação, onde o militante é mero joguete na mão de interesses que vão muito além de sua percepção.
Mesmo assim, como dizia Arendt, a Política - essa, com "P" maiúsculo - ainda faz sentido, porque ela se identifica com a liberdade. Liberdade, entenda-se, que pode se desdobrar em diversos referenciais, além da possibilidade de apresentar livremente nossas ideias, mas também a possibilidade de um trabalho digno, de uma educação séria, de uma saúde presente, de um ambiente seguro... e muito mais.
Viva a Política! Boa eleição - na medida da possibilidade do nível dos nossos políticos!
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