Muitos dos amigos conhecem o trabalho de divulgação da Filosofia realizado pelo francês Roger-Pol Droit. Eu tenho vários dos seus livros.
Já há algum tempo, sou leitor de Droit. Os dois livros dedicados à sua filha - pelo menos no título, embora eu não saiba se isso é uma feliz metáfora para indicar que o texto tem uma abordagem adequada a neófitos -, de títulos "A Filosofia explicada à minha filha" e "As religiões explicadas à minha filha", são espetaculares. Tenho meus exemplares guardados para "utilizá-los" com a minha própria filha... num futuro breve.
Há um texto mais "potente", que é o "A companhia dos filósofos", mas que também atende bem àqueles que querem ir explorando o solo da Filosofia sem entrar no mundo dos filósofos diretamente pela produção destes.
Voltando mais à concepção da divulgação dos textos de Droit, temos dois outros livros interessantes. Comprei-os, mas ainda não pude lê-los. São "Filosofia em cinco lições" - Ah, isso é impossível!!! - e "Um passeio pela Antiguidade". Com este último, eu já travei um pouco mais de "amizade", olhando algumas passagens. Além de Sócrates, Epicuro e Sêneca - que são citados diretamente na capa do livro -, há capítulos em que aparecem Homero, Virgílio, Aristófanes, Heródoto, Ésquilo, Sófocles... enfim, uma "rapaziada da pesada". Ou seja, o livro não trata apenas de filósofos, mas de pensadores da Antiguidade de um modo geral, o que é muito interessante para quem gosta de entender o caminho que nos trouxe até esse "Ocidente" que habitamos.
Entretanto, o título de Droit que me motiva a escrever é o seu mais recente escrito, "Ética: uma primeira conversa". É um livrinho bem pequeno, na mesma linha dos "à minha filha", mas que me parece fundamental para quem quer se situar no mundo de hoje, a partir dos questionamentos éticos que nossa realidade quotidiana produz.
O livro, penso, capacita qualquer um a se preparar para refletir sobre esse assunto tão importante que é a Ética. Começando com uma historiografia da palavra "ética" - inclusive, com a inescapável pergunta sobre a diferença desta com a moral -; passando por uma explicação sobre o objeto de que trata a Ética; avançando sobre a questão da ética leiga e da religiosa; para expor concepções como ética das virtudes, dos deveres e das consequências; e, enfim, expor as dificuldades de aplicação efetiva do que se produz no pensamento ético no nosso quotidiano.
Adorei o livrinho e o aconselho a todos - filósofos, amigos da Filosofia ou seres que vivem em sociedade, como todos nós, que precisam conviver entre si, com algum grau de humanidade.
Um comentário a mais. O livrinho contém apenas uma referência ao nosso querido Spinoza. Mas, pelo tamanho da obra, até que não se pode reclamar. Lá está escrito: "... o livro mais célebre de Espinosa, filósofo que viveu na Holanda no século XVII, se intitula simplesmente Ética, e, nesse texto célebre, ele elabora um sistema do mundo completo, para explicar como viver a vida mais perfeita possível".
Faltou apenas dizer que a proposta spinozana é de que o homem alcance uma felicidade suprema e duradoura - o que não é pouco -, através do que nosso filósofo chama de Ética.
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