A Parte III da Ética contém uma passagem que lembra bem o que sentimos no caso de "tragédias" tão marcantes quanto aquela do estupro que tem ganho espaço neste blog.
Trata-se do escólio da Proposição 52. Lá está:
"Esta afecção da mente, ou essa imaginação de uma coisa singular que, sozinha, ocupa a mente, chama-se admiração [Aqui, com o sentido de 'espanto']. Se, entretanto, a admiração [ou espanto] é provocada por um objeto que tememos, designamos por pavor, pois a admiração [ou espanto] diante de um mal mantém o homem de tal maneira suspenso na sua exclusiva consideração que ele é incapaz de pensar em outras coisas que lhe permitam evitá-lo. [...] Chama-se, além disso, horror, se o que nos admira [ou espanta] é a ira, a inveja, etc."
No caso do "horror" que sentimos na situação em questão, ele representa o espanto não só pela "ira, inveja, etc.", mas sim pelo conjunto de afecções produzidas pelos "não-humanos" que perpetraram aquelas ações.
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