quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Spinoza e Aristóteles

   
   Há bem pouco tempo, fiz um trabalho traçando um paralelo entre o Tractatus de Intellectus Emendatione, de Spinoza, e a Ética a Nicômaco, de Aristóteles. O texto não cobria integralmente as duas obras, mas tão somente o início das duas. 
   Na minha concepção, as aproximações são muito fortes. Tentei mostrar isto no tal trabalho. Continuo achando, cada vez mais, que a beatitudo spinozana é idêntica à eudaimonia aristotélica. Além disso, os desdobramentos políticos das duas "éticas" - spinozana e aristotélica - são óbvios, principalmente a partir da análise destas duas obras dos filósofos.
   Um problema que encontrei, no entanto, foi conseguir uma forte ancoragem em algum comentador. Normalmente, as comparações entre os dois eram sempre muito breves.
   Stuart Hampshire, por exemplo, diz: "In his account of pleasure as arising from a strong sense of activity (energeia), Spinoza comes close to Aristotle's account in the Nicomachean Ethics".
   Steven Nadler reforça uma possível ligação, dizendo: "The person who is virtuous has achieved the supreme natural condition of well-being and happiness. He experiences what the ancient Greeks called eudaimonia, happiness or flourishing as a human being".
   Entretanto, só agora encontrei uma apresentação melhor fundamentada desta ligação, no livro Spinoza: une lecture d'Aristote, de Frédéric Manzini - do qual, por enquanto, eu só tenho uma resenha. Esta explica que "The first part [do livro de Manzini] discusses Spinoza's ethical and political theories - where, the autor claims a influence of Aristotle is most manifest - against the background of the Nicomachean Ethics and the Politics. Here, much attention is given to the notions of the summum bonum and beatitude". E a resenha ainda diz que "According to Manzini, Aristotle was one of Spinoza's first major philosophical interlocutors".
    Tão logo seja possível, providenciarei o livro. 

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