segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

A correspondência de Spinoza

   
   Está nos meus planos, um dia, dedicar-me seriamente à leitura da correspondência de Spinoza. Não se trata apenas de uma "bisbilhotice" sobre a vida pessoal do filósofo - até porque, pouco há, em sua troca registrada de missivas, que possa ser visto como dizendo respeito às suas particularidades mais íntimas, confessadas apenas a amigos muito próximos. Existe, sim, é um complemento mais "fluido" de sua doutrina. Portanto, meu interesse é puramente filosófico.
   Ainda que não seja tão "livre" quanto numa entrevista, nos moldes atuais, sigo uma proposta do livro O que os filósofos pensam, de Julian Baggini e Jeremy Stangroom (editores), que, na Introdução, diz:
   "Se quisermos conhecer o que os filósofos pensam, poderíamos supor que o melhor a fazer seria ler alguns livros deles. Todavia, há uma razão muito boa para que esta coleção de entrevistas possa estar mais bem equipada para satisfazer nossa curiosidade. Em poucas palavras, em seus livros publicados, os filósofos não tendem a contar-nos exatamente o que eles pensam a respeito de uma série de questões. Em geral, eles apenas nos contam que possuem argumentos originais e persuasivos para crer a respeito de uma série geralmente limitada de tópicos".
   Imagino que o recorte do que o filósofo "sabe" é mais restrito do que aquilo sobre o que ele pensa. As cartas podem, em alguma medida, revelar sobre o que eles se põem a pensar, sem ainda ter "certezas". Além disso, há um certo exercício, por parte de um grande filósofo, nas cartas, para explicar a quem o acompanha - mesmo que a certa distância raciocinativa - aquilo que lhe vai na mente. E esse esforço pode recompensar a nós, que temos algumas dúvidas sobre os próprios textos ou mesmo sobre como ele pensava o mundo.
   Meu contato com as cartas de Spinoza tem duas versões, uma francesa e outra inglesa. Acho que esta última é a grande referência no estudo da correspondência spinozana, pois se trata do The correspondence of Spinoza, traduzida, editada e anotada por A. Wolf, professor da Universidade de Londres, se não me engano, publicada em 1930. Obviamente, tenho uma versão mais nova... afinal, não sou tão velho assim. Rsss.
   Chamou-me atenção a admiração de Wolf por Spinoza, quando ele escreve na Introdução:
   "The letters contain things of first-rate importance for the correct interpretation of the philosophy of Spinoza; and, above all, they help one to realize something of the greatness and strength of his character - one of the greatest in the whole history of mankind".
   Vejam que não é apenas um dos maiores da História da Filosofia, mas da História da Humanidade!!!!
   Esse tal de Spinoza não é mole, não!

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