Quando fui defender o meu projeto para o Mestrado, que versava obviamente sobre a ética spinozana, fiz referência a Freud e às neurociências. Um dos professores da banca mostrou certa preocupação e perguntou se eu não ficaria excessivamente refém de áreas que não pertencem à Filosofia, ou, por outro lado, se não teria que mergulhar muito fundo em Filosofia da Mente para poder dar conta de minha pesquisa.
Embora eu ainda acredite que um bom conhecimento da filosofia freudiana - particularmente, acho que há teses do vienense que são verdadeiramente filosóficas -, bem como das neurociências, seja muito interessante para o entendimento de algumas postulações spinozanas sobre a mente, acabei me curvando ao já citado componente da banca e reduzindo as referências à Introdução da Dissertação.
Mas trabalho é trabalho... e diversão é diversão. É lógico que continuo a sentir prazer em pensar nesse jogo de pertencimento das ideias spinozanas a outras áreas que não especificamente a da Filosofia Moral. E a Antropologia Filosófica - se bem que alguns defendam que esta área da Filosofia foi absorvida pela Filosofia da Mente... o que eu não acho - de Spinoza continua me maravilhando.
O mais interessante é que continuo vendo Spinoza como um contemporâneo, pelo menos em termos de algumas de suas intuições. É certo que defender sua Metafísica, hoje, é mais difícil do que no século XVII - ainda que eu a ache totalmente pertinente -, mas a Psicologia de Spinoza é de uma atualidade espantosa, a meu ver.
Ontem, fui à banca de jornais e vi uma publicação especial da revista "Mente e cérebro", tratando das emoções. O título é "O desafio das emoções", sendo este o quinto volume de uma coleção. Os artigos que constam da revista são: "O jogo das emoções"; "Sob controle"; "As engrenagens do sentimento"; "Mímica facial"; "Tormentos da ira"; "Alexitimia: a cegueira dos sentimentos" e "De bem com a vida", cada um deles escrito por um determinado especialista. Títulos bastante interessantes, que prometem conteúdos ainda mais instigantes.
A capa contém o seguinte texto: "Mesmo sem nos darmos conta, na maior parte do tempo, somos influenciados por aquilo que sentimos. Entender como se dão esses processos psíquicos pode ser útil para evitar que eles nos prejudiquem".
Agora, respondam-me: esse não é o projeto spinozano? Taí a atualidade de Spinoza!!!
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