Acho que, de certa forma, fui um pouco injusto com o livro "O Portal da Filosofia", no post do dia 1º de março.
Nesse dia, eu escrevi, após a leitura dos capítulos referentes à "Crítica da Razão Pura" e "Ser e Tempo", que o livro não teria "aprofundamento teórico suficiente".
É verdade que há livros em que o desenvolvimento dos argumentos é o que há de principal nos textos. Nesses, normalmente, a "costura racional" entre um conceito e outro é justamente o que há de mais importante. Ou seja, se os conceitos forem simplesmente apresentados, um a um, não se dá aquela "química" que permite o entendimento global da obra. Penso que esse é o caso dos livros que citei acima, de Kant e Heidegger. Entretanto, há livros filosóficos em que os conceitos estão lá, mas são "alinhavados" por uma "costura estética". Nesses, o estilo do pensador é fundamental para que os conceitos criados no texto "brotem" e se apresentem ao leitor.
Parece-me que, neste último caso, é possível, à custa obviamente de um empobrecimento da expressividade do pensamento, extrair do texto original alguns conceitos, explicando-os, de modo a que o leitor consiga absorver a "essência" do que o filósofo quer dizer.
Advirto que, certamente, não se pode substituir a leitura do original, sob o argumento de que o estilo é apenas "acessório". A estética da obra constrói o "terreno" - e quiçá as "raízes" - a partir do qual os conceitos filosóficos poderão florescer. Mas... há que se reconhecer que há um "atalho" possível - embora não ideal - para se chegar ao que seria efetivamente o núcleo da construção intelectual do filósofo em questão.
Dentre os capítulos lidos por mim, neste livro, eu diria que aqueles que tratam de "Ou/ou", de Kierkegaard; de "Assim falou Zaratustra", de Nietzsche, e mesmo de "O príncipe", de Machiavelli, pertencem a esse segundo tipo de textos.
Sobre esses, ganha-se muito em fazer o "reconhecimento prévio" das obras originais através do livro "O Portal da Filosofia".
Aliás, quando meu compadre Mundy me disse que comprara um livro de Nietzsche, eu falei: "Só não comece por Assim falou Zaratustra!". Ele, então, contou que era justamente o que ele comprara. Não que o livro seja ruim. O que acontece é que o livro parece um romance "esquisito", mas que pode ser acompanhado por qualquer um, mas no qual a força do simbolismo pode atrapalhar um entendimento mais profundo da intenção original de Nietzsche. Uma vez lido o capítulo referente à obra, em "O Portal...", esses símbolos - pelos menos sob uma determinada perspectiva - são "traduzidos", ganhando sentido para o leitor menos "preparado", possibilitando um entendimento mais "adequado".
Começarei uma série de posts sobre o livro. Por enquanto, conto só uma piada referente a Machiavelli, que consta do livro.
Conta-se que, em seu leito de morte, instado a renegar o diabo e suas obras, o italiano teria respondido: "Este não é o momento para se fazer inimigos". Rsss. Boa essa, hein!
Nesse dia, eu escrevi, após a leitura dos capítulos referentes à "Crítica da Razão Pura" e "Ser e Tempo", que o livro não teria "aprofundamento teórico suficiente".
É verdade que há livros em que o desenvolvimento dos argumentos é o que há de principal nos textos. Nesses, normalmente, a "costura racional" entre um conceito e outro é justamente o que há de mais importante. Ou seja, se os conceitos forem simplesmente apresentados, um a um, não se dá aquela "química" que permite o entendimento global da obra. Penso que esse é o caso dos livros que citei acima, de Kant e Heidegger. Entretanto, há livros filosóficos em que os conceitos estão lá, mas são "alinhavados" por uma "costura estética". Nesses, o estilo do pensador é fundamental para que os conceitos criados no texto "brotem" e se apresentem ao leitor.
Parece-me que, neste último caso, é possível, à custa obviamente de um empobrecimento da expressividade do pensamento, extrair do texto original alguns conceitos, explicando-os, de modo a que o leitor consiga absorver a "essência" do que o filósofo quer dizer.
Advirto que, certamente, não se pode substituir a leitura do original, sob o argumento de que o estilo é apenas "acessório". A estética da obra constrói o "terreno" - e quiçá as "raízes" - a partir do qual os conceitos filosóficos poderão florescer. Mas... há que se reconhecer que há um "atalho" possível - embora não ideal - para se chegar ao que seria efetivamente o núcleo da construção intelectual do filósofo em questão.
Dentre os capítulos lidos por mim, neste livro, eu diria que aqueles que tratam de "Ou/ou", de Kierkegaard; de "Assim falou Zaratustra", de Nietzsche, e mesmo de "O príncipe", de Machiavelli, pertencem a esse segundo tipo de textos.
Sobre esses, ganha-se muito em fazer o "reconhecimento prévio" das obras originais através do livro "O Portal da Filosofia".
Aliás, quando meu compadre Mundy me disse que comprara um livro de Nietzsche, eu falei: "Só não comece por Assim falou Zaratustra!". Ele, então, contou que era justamente o que ele comprara. Não que o livro seja ruim. O que acontece é que o livro parece um romance "esquisito", mas que pode ser acompanhado por qualquer um, mas no qual a força do simbolismo pode atrapalhar um entendimento mais profundo da intenção original de Nietzsche. Uma vez lido o capítulo referente à obra, em "O Portal...", esses símbolos - pelos menos sob uma determinada perspectiva - são "traduzidos", ganhando sentido para o leitor menos "preparado", possibilitando um entendimento mais "adequado".
Começarei uma série de posts sobre o livro. Por enquanto, conto só uma piada referente a Machiavelli, que consta do livro.
Conta-se que, em seu leito de morte, instado a renegar o diabo e suas obras, o italiano teria respondido: "Este não é o momento para se fazer inimigos". Rsss. Boa essa, hein!
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