O "performático" professor Fernando Muniz falava sobre a necessidade de conhecer o grego. No meio de seu discurso, eis que surge a expressão "escrita linear B"... Que coisa estranha é essa?
O livro "Isso é grego para mim", de Nélio Schneider, fala sobre o assunto no capítulo "Como surgiu e se formou a língua grega?".
Antes desse capítulo, porém, o livro explica que o "grego moderno" muito difere do "grego antigo".
No capítulo em questão está escrito: "Os mais antigos registros escritos da língua grega encontram-se em textos redigidos no século XVII aC, em escrita linear B (escrita silábica das culturas cretense e micênica gregas, utilizada durante a época do domínio dessas duas civilizações no continente grego). Trata-se também dos mais antigos registros escritos de todas as línguas faladas ainda hoje (o mais antigo documento escrito em chinês, por exemplo, data de 1400 aC). Ao final dos assim chamados 'séculos da obscuridade' (1100- 700 aC) - também comentados pelo prof. Muniz -, nos quais a escrita linear B desapareceu em decorrência da destruição dos centros que abrigavam essa cultura (cortes e palácios), os gregos assumiram e adaptaram o sistema de escrita fenício, que utilizam até os dias de hoje".
O livro informa que "no período clássico, pode-se constatar um grande número de dialetos", e que "os poemas épicos de Homero, a Ilíada e a Odisseia, que remontam aos primórdios da tradição escrita, foram redigidos basciamente no dialeto jônico, com influência eólica (eles igualmente se serviram de palavras de outros dialetos, dependendo da métrica do texto)". O mesmo dialeto jônico teria servido à poesia didática de Hesíodo e aos textos de alguns filósofos pré-socráticos, como Xonófanes, Parmênides, Empédocles e Heráclito, segundo o autor.
A explicação continua: "No século V aC, a cidade de Atenas alcançou a hegemonia política, econômica e cultural na Grécia; isso levou o dialeto ático, ali falado, a tornar-se a língua mais importante na comunicação entre as regiões. Esse amálgama dos dialetos ático e jônico foi transformado por Alexandre, o Grande, e seus sucessores na língua oficial do império greco-macedônio, tornando-se língua mundial. A partir dela desenvolveu-se a assim chamada língua comum, koiné. [...] Quando Alexandre conquistou ... a maior parte do mundo conhecido... a língua comum dos gregos tornou-se a língua ... empregada no comércio e na comunicação entre as culturas".
O livro registra ainda que "uma forma de grego 'purificado' acabou se tornando, séculos após a divisão do Império Romano (em 330 dC), a língua oficial e literária do Império Romano Oriental, que desse modo assumiu definitivamente (cerca de 630 em diante) os contornos do Império Bizantino (sediado na cidade de Bizâncio, ou Constantinopla, ou, atualmente, Istambul)". E, chegando ao momento atual, explica que: "Após a fundação do moderno Estado grego (reconhecido como tal em 1830), a assim chamada língua purificada, cujas bases modernas foram elaboradas pelo erudito Adamantios Korais (1748-1833), foi declarada língua oficial. Por se tratar de uma língua padronizada artificalmente ... ela não representava a expressão mais popular e majoritária da língua grega. Esse fato constituiu a fonte de conflitos ... Somente em 1976 foi fixada em lei uma nova norma linguística, declarando a língua popular, o demótico, definitivamente como a língua oficial do Estado e da ciência; obviamente, muitas palavras da língua purificada foram absorvidas ao longo do tempo pelo demótico, de modo que, atualmetne, há para um grande número de objetos duas designações possíveis, uma própria da língua popular e outra própria da língua erudita".
Um pouco de História, apenas...
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