segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Outros dois livros

Depois de ter comentado a aquisição do livro do Rubem Alves, quero falar de dois livros recém-adquiridos que são ótimos: "Uma breve história da Europa", de Jacques Le Goff - naquele mesmo modelo conciso de "A Idade Média, explicada aos meus filhos", dele mesmo - e "O avesso das coisas", aforismos do nosso Carlos Drummond de Andrade.
O livro de Jacques Le Goff é interessante para entender muito do que acontece na Europa, e até no mundo, nos dias de hoje, já que traça uma perspectiva histórica, com diversos mapas da região em épocas diferentes.
O livro do Drummond - que já estou quase no final da leitura - é ótimo. Há aforismos muito engraçados e outros que, apesar daquele jeito irônico, transbordam uma incômoda verdade. Por enquanto, dois:
- "O bom ministro se envergonha de pertencer ao mau governo, mas continua nele" e
- "Se o inferno existir, este mundo deve ser o seu vestibular".
Depois eu listo outros.

2 comentários:

Maria disse...

Bem aqui a leitura dos "Maias" continua a um ritmo muito lento adapatado às necessidades da Sara e à minha disponibilidade. Estamos a ler um capítulo por dia(vamos no 7º)...ritmo alentejano...rs
De qualquer maneira têm urgido outras lutas...Hoje mais uma greve, mais uma luta em que apenas perdemos...Deverei ser masoquista , eu e um grupo de uns 10 professores, no universo de mais de 100, porque ,hoje,antes de as aulas começarem lá estávamos nós, desta vez fomos mais longe, para além de estarmos frente à escola num dia frio e cheio de chuva, fomos munidos de uma folha para entregar aos pais. Somos pouquitos mas determinados, os outros que fizeram greve(quase todos os professores da nossa escola)ficaram na caminha quentinha.
Outra coisa, a prof de filosofia da minha filha tem passado as últimas aulas a citar uma frase de Protágoras "O homem é a medida de todas as coisas..."
Afinal qual é a extensão desta frase deste sofista? Certamente que no Renascimento lhe deram uma conotação mais abrangente assim como no romantismo. Mas na Grécia antiga, no emergir da filosofia, que quereria dizer este sofista com esta frase? Mas só sofistas e não filósofos, ou sofistas e tb filósofos?
Por último o que é a verdade 2º os sofistas e 2º Platão?
Amanhã terei uma bateria de interrogaçãos..estará , o senhor, disposto a esclarecê-las, mesmo sendo algumas ridículas?
Obrigada
Maria

Ricardo disse...

Ler junto é realmente complicado. Já recusei algumas propostas de fazê-lo... e as que aceitei não deram muito certo. Rsss. Talvez, neste caso, o problema seja eu mesmo, que tenho um ritmo meio "acelerado"... até porque aproveito todo o meu tempo vago, e parte do "não-vago" para realizar minhas leituras. Rsss.
Sobre as mobilizações dos professores, não há como deixar de registrar que nem todos entram com o mesmo espírito. Há alguns, talvez, que nem acreditem muito no movimento, e que só entram para não ficarem mal com os colegas, ou até para poderem apenas ficar em casa. Eles sabem que, se os "reais batalhadores" conseguirem, o benefício lhes será estendido.
Sobre os sofistas, tenho alguma ajuda a prestar. O método dos sofistas era, de certa forma, filosófico, no sentido de que realizavam uma crítica sobre o senso comum. É fácil perceber por que Platão tinha que defender Sócrates de ser incluído entre eles, portanto. Platão indica que o ponto que faz Sócrates diferir dos sofistas é a não percepção de pagamento por suas "aulas". Eu acho que a grande diferença principal não é essa - até porque os filósofos de hoje trabalham por dinheiro -, mas sim a procura pela verdade, presente nos "filósofos" e não nos "sofistas". É algo como acontece hoje num tribunal. Enquanto o juiz procura a chamada "verdade real", os advogados se limitam a tentar convencê-lo das suas "verdades" - obviamente, "versões" aqui seria o melhor termo -, ainda que elas não correspondam à realidade.
Górgias, outro famoso sofista, chega a sustentar que mais importante do que o verdadeiro é o que pode ser provado ou defendido.
Especificamente sobre a citação de Protágoras, ela permite duas leituras. A primeira, de cunho "humanista", coloca o homem como centro de decisão privilegiado em relação às questões sobre o mundo, sem apelo a nenhum elemento transcendente. O segundo, de aspecto "relativista", diz respeito ao conhecimento. Algo parecido com o "perspectivismo", ao indicar que só o que existe são pontos de vista.
Pelo que está acima, podes ver que não existe "verdade" para os sofistas, há apenas convencimento a respeito de alguma opinião. Para Platão, pelo contrário, só os filósofos podem ter acesso à verdade última, o Bem, através do acesso ao Mundo das Formas.
Grandes abraços... estou aqui para ajudar no possível.