O Editorial do Jornal do Brasil de 3 de janeiro de 2009, falava sobre a Educação. Inicialmente citava entrevista dada pelo ex-ministro Rubem Ricupero, onde este dizia que “O problema hoje [da Educação] não é mais a quantidade; é qualitativo”. Não basta, portanto, o governante dizer que prioriza os investimentos na Educação e que, por isso, irá construir mais um sem número de escolas. Há que se pensar a qualidade do ensino, também.
O texto continua com um bom recado para nós, pais, quando registra que “A educação doméstica, anterior à curricular, é como a alimentação: se o ser humano não é nutrido adequadamente nos primeiros dois anos de idade, adquire sequelas para o resto da vida. Sem um ambiente cultural, que inclui livros nas estantes, dificilmente conhecerá o gosto pela leitura. Sem limites – alguns pais desconhecem a palavra ‘não’ – [o ser humano] será egoísta, individualista, autocentrado, sem noção de vida em comunidade e de como repartir direitos e deveres”.
Aproveito, aqui, para fazer uma ponte com uma coisa que me chama atenção na Teoria de Contrato Social de Rousseau. Embora haja vários filósofos “contratualistas”, parece-me que a visão de Rousseau apresenta uma vantagem por conta da sua preocupação com a educação. Para Rousseau, o contrato social não era a simples cessão dos direitos individuais para um representante que garantiria a paz e a administração da justiça entre os homens – originalmente em “estado de natureza”. Explica-nos Danilo Marcondes a visão de Rousseau: “a soberania política pertence ao conjunto dos membros da sociedade. O fundamento dessa soberania é a ‘vontade geral’, que não resulta apenas da soma da vontade de cada um. A vontade particular e individual de cada um diz respeito a seus interesses específicos, porém, enquanto cidadão e membro de uma comunidade, o indivíduo deve possuir também uma vontade que se caracteriza pela defesa do interesse coletivo, do bem comum. É papel da educação, a formação dessa ‘vontade geral’, transformando assim o indivíduo em cidadão, em membro de uma comunidade”.
Ou seja, a “vontade geral” não é uma simples soma de “vontades particulares”. Ela pode, inclusive, ser oposta a uma determinada vontade particular num indivíduo. Mas, mesmo assim, é preciso que o indivíduo reconheça a necessidade de submeter sua vontade particular a uma vontade geral, que não está apenas em outrem, mas também nele mesmo. Só assim a sociedade poderá ser uma comunidade... ou seja, um lugar onde o “bem comum” tenha destaque e o indivíduo poderá ser um cidadão.
Voltando ao editorial.
A última parte do texto se inicia da seguinte forma: “Talvez o símbolo máximo dessa incapacidade de viver em sociedade seja...”, e enfileiram-se os exemplos de maus comportamentos no trânsito – avanço de sinal; não baixar o farol ao cruzar com outro veículo; forçar a passagem em cruzamentos; etc. Particularmente, não sei se esse é o “símbolo máximo”, mas reconheço que é um forte sinal da falta de qualidade de nossa educação. Outros exemplos seriam a violência no futebol, que não reconhece o direito do outro simplesmente ter um gosto diferente; o desrespeito aos professores, que são até agredidos; os “furadores” de fila em qualquer aglomeração de pessoas... e por aí vai.
Que falta faz a educação! É por essas e outras que somos um país de Terceiro Mundo. Poderemos até fazer parte do G-8, do G-4 ou sermos o “Number One” na Economia Mundial, mas sem educação, ficará difícil ser verdadeiramente humano, aqui no Brasil.
O texto continua com um bom recado para nós, pais, quando registra que “A educação doméstica, anterior à curricular, é como a alimentação: se o ser humano não é nutrido adequadamente nos primeiros dois anos de idade, adquire sequelas para o resto da vida. Sem um ambiente cultural, que inclui livros nas estantes, dificilmente conhecerá o gosto pela leitura. Sem limites – alguns pais desconhecem a palavra ‘não’ – [o ser humano] será egoísta, individualista, autocentrado, sem noção de vida em comunidade e de como repartir direitos e deveres”.
Aproveito, aqui, para fazer uma ponte com uma coisa que me chama atenção na Teoria de Contrato Social de Rousseau. Embora haja vários filósofos “contratualistas”, parece-me que a visão de Rousseau apresenta uma vantagem por conta da sua preocupação com a educação. Para Rousseau, o contrato social não era a simples cessão dos direitos individuais para um representante que garantiria a paz e a administração da justiça entre os homens – originalmente em “estado de natureza”. Explica-nos Danilo Marcondes a visão de Rousseau: “a soberania política pertence ao conjunto dos membros da sociedade. O fundamento dessa soberania é a ‘vontade geral’, que não resulta apenas da soma da vontade de cada um. A vontade particular e individual de cada um diz respeito a seus interesses específicos, porém, enquanto cidadão e membro de uma comunidade, o indivíduo deve possuir também uma vontade que se caracteriza pela defesa do interesse coletivo, do bem comum. É papel da educação, a formação dessa ‘vontade geral’, transformando assim o indivíduo em cidadão, em membro de uma comunidade”.
Ou seja, a “vontade geral” não é uma simples soma de “vontades particulares”. Ela pode, inclusive, ser oposta a uma determinada vontade particular num indivíduo. Mas, mesmo assim, é preciso que o indivíduo reconheça a necessidade de submeter sua vontade particular a uma vontade geral, que não está apenas em outrem, mas também nele mesmo. Só assim a sociedade poderá ser uma comunidade... ou seja, um lugar onde o “bem comum” tenha destaque e o indivíduo poderá ser um cidadão.
Voltando ao editorial.
A última parte do texto se inicia da seguinte forma: “Talvez o símbolo máximo dessa incapacidade de viver em sociedade seja...”, e enfileiram-se os exemplos de maus comportamentos no trânsito – avanço de sinal; não baixar o farol ao cruzar com outro veículo; forçar a passagem em cruzamentos; etc. Particularmente, não sei se esse é o “símbolo máximo”, mas reconheço que é um forte sinal da falta de qualidade de nossa educação. Outros exemplos seriam a violência no futebol, que não reconhece o direito do outro simplesmente ter um gosto diferente; o desrespeito aos professores, que são até agredidos; os “furadores” de fila em qualquer aglomeração de pessoas... e por aí vai.
Que falta faz a educação! É por essas e outras que somos um país de Terceiro Mundo. Poderemos até fazer parte do G-8, do G-4 ou sermos o “Number One” na Economia Mundial, mas sem educação, ficará difícil ser verdadeiramente humano, aqui no Brasil.
Um comentário:
Senhor Ricardo!!
O que se passa aí tem se passado por vários países da europa e muito em Portugal.
Últimamente temos tido uma luta sem tréguas, como sabe, com o nosso ministério da educação. Uma luta desigual onde impera a mentira. Na Itália e em França a luta tem sido igual. Curiosamente aqui ao nosso lado, na vizinha Espanha , penso que na província da Extremadura, faz passar anúncios na rádio e na TV a valorizar a profissão de docente.
Quando há uns tempos o senhor falava na desvalorização que a escola pública evindencia e falava que aqui isso não se passava. Infelizmente a situação alterou-se e agora a nossa escola pública tem vindo a degradar-se progressivamente. Penso que à tutela não interessa uma escola pública de qualidade porque significa despesas enormes, assim sendo, criou um cenário, fez dos professores o seu principal alvo e encetou uma luta sem tréguas à vista .
Já viu como eram educados os jovens em Atenas no século aureo grego?
Falar da escola, falar da educação corroi-me até as entranhas, deixa-me irritada e revoltada.
Melhor mudar de assunto.
Obrigada por nos presentear com assuntos tão multifacetados .
Maria
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