domingo, 25 de janeiro de 2009

"A poesia do encontro", de Rubem Alves

Já havia me referido ao novo livro de Rubem Alves em post anterior. Escrevi que havia encomendado o livro - que, aliás, não chegou. Fui, então, à caça dele. E, para minha sorte, encontrei-o. Como não poderia deixar de fazer, iniciei logo a leitura. As primeiras páginas já revelaram a "cara" do livro e... adorei! Acompanha o livro, um DVD. E aí veio a surpresa. Imaginei que o tal DVD era uma simples repetição do que estava escrito; afinal, originalmente o texto era um diálogo entre Rubem Alves e a atriz/poetisa Elisa Lucinda. Mas o DVD reproduzia apenas trechos da conversa e as poesias declamadas por Elisa - esse "por Elisa" ficou com uma cara beethoveniana, não é? Rssss - e... que show da Elisa Lucinda!
Ali, eu entendi o que é Declamar - com "D" maiúsculo mesmo - uma poesia. Essa ação envolve, além da alma, o corpo também. O ritmo, a entonação diferenciada, mas também a expressão corporal... tudo faz parte da declamação.
Em realidade, eu já tivera um pequeno acesso à verdadeira declamação quando ganhei, de minha amiga Maria, um CD de João Villaret declamando, principalmente Fernando Pessoa. Fiquei "tonto" - acostumado, que estava, a ouvir o nosso bom - mas "ortodoxo" demais - Paulo Autran lendo Pessoa. Ali estava presente o que os gregos chamavam de "estesis" - a sensação -, de onde veio o nosso "estética". Mas ouvir e ver, como agora, com Elisa Lucinda... aí, já é "êxtase" mesmo!
Uma lição de Rubem Alves, no livro: "Uma coisa que acho absolutamente fundamental é que o poema não é para ser lido, mas para ser cantado. Daí a dificuldade que muitas pessoas têm para ler poesia, porque elas sabem ler, sabem juntar as letras, mas desconhecem a música".
Legal! Obrigado pela dica, mestre Rubem!

5 comentários:

Clara Maria disse...

Ricardo!!
Quem ficou em êxtase agora fui eu. Lembrei-me do youtube , fui lá coloquei Rubem Alvez e Elisa Lucinda e aparece uma entrevista dele. Abri e adorei-o logo olha como ele começa “Fernando Pessoa escreveu a declaração de amor que eu acho a mais bonita e mais profunda que eu conheço”. Ricardo o melhor ou pior é que nem conheço essa poesia …. Obrigada por partilhar mais isso comigo.
Deixe-me transcrevê-la, em parte é simplesmente linda
“. Quando te vi amei-te já muito antes:
Tornei a achar-te quando te encontrei.
Nasci pra ti antes de haver o mundo.
Não há cousa feliz ou hora alegre
Que eu tenha tido pela vida fora,
Que o não fosse porque te previa,
Porque dormias nela tu futuro. “

Vai aqui o endereço do youtube onde está a tal entrevista…adorei.
E leia o poema na intrega no jornal de letras . é o poema XXI
http://www.revista.agulha.nom.br/fpesso50.html
Fiquei mais feliz ainda, O senhor mesmo de longe me ensina, até de forma indirecta, até Pessoa.
Abraços
Maria

Maria disse...

Escusado será dizer que me esqueci do endereço...foi do entusiasmo

http://www.youtube.com/watch?v=ySR69XniQb0
Uma óptima semana para o senhor.

Ricardo disse...

Ufa... se agora a minha opinião sobre o Rubem Alves é endossada por uma pessoa sensível como tu, Maria, estou mais satisfeito. Rsss.
Caramba... fiz-te conhecer mais alguma do Pessoa? Não acredito! Fico feliz por poder partilhar contigo minha impressão e, mais ainda, por teres gostado do Rubem. Mas quem compartilhou, primeiro, a paixão por Pessoa comigo foste tu. Agradeço, também.
Depois acessarei os sites para ver a entrevista e o poema.
Obrigado pela dica!

Maria disse...

Senhor Ricardo!!!
Fiquei "apaixonada pelo senhor Rubem Alves.
Depois de ter visualizado a entrevista no youtube, e ter lido mais uma entreviste e lido alguns contos dele, procurei o e-mail dele e escrevi-lhe. O mais que pode acontecer é nem ler o e-mail.
Obrigada por mais esta.
Maria

Ricardo disse...

Maria, tu és muito empolgada mesmo. Eu, apesar de gostar do Rubem... e de ter comprado mais dois livros dele na quarta-feira passada, não ouso escrever-lhe. Mas eu sei que tu és menos "racionalista" que eu. Como imagino que ele seja sensível, como tu, imagino que algum dia receberás alguma resposta... assim que o tempo dele permitir, obviamente.
Fico feliz por passar-te o "vírus" da paixão "rubemiana"... ou "alvesiana" (isso ficou horrível! Rsss).