quinta-feira, 29 de julho de 2010

Parmênides (2)

  Tanto Kolakowski quanto Wilhelm Weischedel - este, em A escada dos fundos da Filosofia - concordam que a grande luta de Parmênides é travada contra a mera "opinião". Portanto, as propostas parmenídicas de caracterização metafísica do Ser passariam por, ou até fundamentariam, uma perspectiva fortemente epistemológica.
  Weischedel escreve: "Parmênides revela a verdade em contraposição à 'opinião', ou seja, ao modo pelo qual o homem vê cotidianamente a realidade... primeiramente, o homem acha que a coisa singular, em sua especificidade, é o real verdadeiro, não atentando para o todo... Em segundo lugar, acha que o mundo é um conflito entre opotos, esquecendo-se de que em todo conflito há uma unidade e que somente sobre essa base os opostos poderiam erguer-se... Enfim, em terceiro lugar, a opinião cotidiana toma o transtitório... pelo ente autêntico sem perceber que nele está implícito o não-ser".
  O que tanto Weischedel quanto Kolakowski parecem esquecer, quando expõem suas ideias, é que, em tese, o não-Ser - que poderia, em alguma medida, ser aproximado ao Nada - não pode existir.
  Weischedel, por exemplo, diz: "Sob o conceito de ser, entende-se aquilo que permanece quando o ente ambíguo, ou seja, o conjunto das coisas, submerge no nada".
   No "nada", Weischedel???
  Já Kolakowski escreve: "Somos mentalmente... compelidos a aceitar que o que realmente existe é radicalmente diferente do que nossos olhos percebem, nossos ouvidos ouvem, nossas mãos tocam; que esse Ser que não pode ser visto nem ouvido não é submetido ao transitório e a mudanças, mas é, em sentido mais primordial, o mais verdadeiro. E, já que não é possível vislumbrar esse Ser... então está claro que ele se faz presente ao nosso pensamento racional, ou seja, à Razão".
   Mas como é que nós, seres sujeitos às mudanças, portanto, meramente "ilusórios" frente à realidade única que é o Ser, existimos para que nossa "Razão" consiga presentificar o tal Ser imutável a absolutamente real, hein, Kolakowski?
  Acho que ainda dá para pensar mais sobre isso, gente!
 

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