Se as coisas são como dizia Ovídio - "Vejo e elogio o que é melhor, mas vou atrás do pior" -, como pensar o Intelectualismo socrático?
Há pouco tempo, num seminário, discutimos muito essa questão. Apoiados no Górgias, de Platão - ainda que esta definição não estivesse literalmente lá -, e em uma análise de W.K.C. Guthrie, propusemos que a autarquia refletia um estado saudável da alma. Essa alma saudável teria propriedades como o conhecimento, a justiça e o bem. A manifestação natural desse estado saudável se daria, na relação com os outros, por uma necessidade interna, através de ações justas, boas e sensatas.
A curiosidade, aqui, é que haveria uma necessidade a esse agir bem. Ou seja, não seria uma questão de liberdade de escolha da boa ação, mas de um determinismo tão natural quanto o é uma macieira dar maçãs. Por essa "naturalidade", quase que pertencente à "essência" do homem sábio, é que Sócrates estaria certo ao afirmar que, quando sabemos o que é bom, agimos bem.
Apesar de fugirmos, naquele momento, de conceituar o bem, a justiça, o conhecimento e o poder, de forma categórica e bem determinada, conseguimos, através do recurso a essa ideia de "alma saudável", convencer nossos ouvintes sobre a correção da tese socrática.
Mas... quem pensa diferente?
Nenhum comentário:
Postar um comentário