Já citei, várias vezes, a minha admiração pelo filósofo polonês Leszek Kolakowski. Além dos seus textos propriamente filosóficos, os de História da Filosofia - se é que realmente é possível fazer História da Filosofia sem ser filosófico - também são ótimos, por serem extremamente claros, apesar da brevidade.
O Sobre o que nos perguntam os grandes filósofos - volume I contém a análise do polonês sobre o "onipresente" Sócrates, chamado por ele de "o mestre da Europa".
Um trechinho interessante:
"Temos a impressão, às vezes, de que Sócrates somente finge que não sabe..., que apenas quer forçar o interlocutor ao diálogo, para que este possa chegar por si mesmo à descoberta da verdade ou que possa corrigir suas convicções, que, ao cabo, provam ser um tanto tolas".
Parece-me que Kolakowski vai além da opinião corrente de que Sócrates era ou apenas alguém que já tinha uma verdade pronta na manga, mas não queria exibir, ou apenas um desrespeitoso, que só queria mostrar a tolice dos outros. O polonês põe em questão o fato de Sócrates pretender, senão o parto de uma verdade - com sua maiêutica -, pelo menos a percepção de que as convicções tidas como mais certas para alguém pudessem ser avaliadas e corrigidas.
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