Logo que li a história da Comuna de Paris, veio-me à lembrança outra, a dos Trezentos de Esparta. Tanto em uma quanto na outra, um pequeno grupo lutou bravamente por seus ideais. Talvez em ambos os protagonistas já conhecessem seu destino, antes mesmo de iniciado o confronto.
Para quem não conhece a história da Comuna de Paris, lá vai um resumo.
Após a revolução de 1848, Napoleão III, sobrinho de Napoleão Bonaparte, torna-se imperador da França. O "Napoleãozinho" declara guerra à Prússia, cujos exércitos eram maiores e mais bem treinados que o seu. As tropas do imperador são derrotadas em 1870. Assume o governo um corpo de deputados liderado por Louis Adolphe Thiers. Os alemães continuavam fazendo estragos na França. Enquanto a população toda se engajava na Guarda Nacional e resistia, monsieur Thiers preparava a capitulação. Em março de 1871, Thiers ordena o desarmamento da Guarda Nacional, a fim de se preparar para entregar a França. A insurreição se inicia; e os revoltosos expulsam o governo provisório de Paris, que se retira para Versalhes. O governo assina, então, o armistício com os alemães. O único contingente armado no país é a Guarda Nacional de Paris. A cidade se declara independente e e institui a Comuna de Paris - primeira República Proletária da história. E o que aconteceu, então? O governo de Versalhes se une à Alemanha para esmagar os revoltosos. A Comuna possuía 15 mil milicianos e foi atacada por cerca de 100 mil soldados - alemães e franceses, também. Enquanto a defesa da Comuna matou cerca de 900 soldados; as tropas "legalistas" executaram cerca de 70 mil parisienses - milicianos ou simples "civis". Foi um massacre que só parou após semanas de combate, unicamente pelo medo de epidemias, por conta dos corpos dos "communards" espalhados pelas ruas.
Algumas das medidas adotadas pelos "communards" foram altamente interessantes, por causa do apelo social, como a igualdade dos sexos; a eliminação dos descontos salariais; a extinção do trabalho noturno; o salário dos professores foi duplicado; o "internacionalismo" foi posto em prática, não importando o fato de alguém ser estrangeiro; sociedades de discussão foram criadas nas igrejas; a educação se tornou gratuita, secular e compulsória; a pena de morte foi abolida... e por aí vamos.
Depois de ler as medidas adotadas - ainda que entendendo que a "revolução" a ser empreendida seja uma revolução de valores e não uma revolução armada -, fico cada vez mais convicto que é necessária uma modificação nesse modelo selvagem de capitalismo. Mas não me iludo, também, sobre o fato de que esse modelo foi sugerido por seres humanos, ou seja, o "modelo" não é uma transcendência que se impõe a nós. Portanto, outros seres humanos também podem pensar em um outro modelo mais justo.
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