Sinto-me um cético em relação às soluções fáceis para problemas difíceis. A parte ruim disso é que pessoas assim parecem pessimistas em meio ao ufanismo otimista de que "Tudo se resolve!", ou do tão atual "Deixe a vida me levar!".
Aproveitando a entrevista de Sponville à revista Cult para pensar nesse tema, registro a última pergunta feita ao filósofo francês, que foi: "Quais os motivos reais para sermos otimistas, tanto individual quanto socialmente?", ao que ele responde: "Você conhece a fórmula de Gramsci: 'Pessimismo da inteligência, otimismo da vontade'. Pessimismo da inteligência, porque é preciso ver as coisas como elas são, sobretudo quando são inquietantes, e mesmo vê-las de maneira um pouco mais sombria do que realmente são: assim seremos mais vigilantes. Mas otimismo da vontade, porque depende de nós mudá-las, ao menos em parte, e evitar o pior. Isso me faz pensar naquela outra fórmula do estóico Sênceca: 'Quando você tiver desaprendido a esperar [ou seja, desejar o que não depende de você], eu o ensinarei a querer' [ou seja, a desejar o que depende de você e, portanto, a agir]. Não se trata de ser otimista ou pessimista. Trata-se de ser lúcido e corajoso. Não se trata de esperar ou temer; trata-se de querer, de prever e de agir".
Quero registrar também uma idéia de Sponville - presente em um de seus livros - que sempre me acompanha nos momentos existenciais mais "complicados". Ele diz "A vida é pegar ou largar... Eu pego!".
Ainda na linha de pensamento dele, não me parece que o diagnóstico exato diante da vida seja questão de pessimismo ou otimismo, mas sim de "lucidez e coragem". Lucidez para perceber as circunstâncias, identificar possíveis desdobramentos e preparar-se adequadamente para as situações que estão por vir; e coragem para reconhecer o desconforto possível do devir e para agir com a maior energia possível no sentido de minimizar as situações tristes e multiplicar as alegres.
Um comentário:
Bem sobre Sponville, comecei a ler o livro que me deu e estou gostando, é a questão não é de pessimismo e nem otimismo que me aflige. e sim como falaste procurar soluções. ou seja se preparar para poder mais e esperar menos, dentro de uma visaõ racional, ontem assiti uma entrevista da Escritora e terapeuta do auto conhecimento Anna Sharp, estou tentando pesquisar um pouco sobre ela para ser tema de um post, gostei da entrevista apesar de discordar de muitas coisas que ela falou na entrevista, mas foi uma conversa com a Marilia Gabriela bem solta e inteligente, o tipo de literatura dela talvez não faça o meu tipo, mas não se pode negar o valor das ideias que ela prega, o que gostei muito no papo, foi o fato dela informar que tomou a decisão de morar na serra da bocaina a 1.500 mts de altitude, ela não disse onde é na serra, mas pode ser em Visconde Maua, e inveje-a positivamente , se isto existe, pois é como queria morar, mas não escrevo livros de sucesso e tampouco dou palestras para me dar a este luxo, quem sabe um dia eu realize este desejo .
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