Dia desses eu conversava com um amigo que me perguntou qual seria a forma correta: pensamento spinozano ou spinoziano. Disse-lhe que, a bem da verdade, os dois termos apareciam nos textos... bem como "spinozista"; sendo o "preferido" no meu uso "pensamento "spinozano"... e expliquei o porquê.
A mim parece que não haveria necessidade daquele "i", acrescentado no meio do "za", visto que esta sílaba é que encerra o nome do pensador. Não é o que acontece, por exemplo, com nomes terminados em consoantes, como Hegel - que geraria o "hegeliano" -, Kant - que geraria o "kantiano" -, e por aí vai.
Embora não fizesse parte do questionamento original, incluí a minha "fuga" do "spinozismo". Como diz um "guru da modernidade": "Já temos 'ismos' demais!", referindo-se às diversas linhas religiosas e espirituais. Portanto, para não transformar o pensamento spinozano em mais uma "seita", fiquemos com o "spinozano".
A partir desse questionamento, pensei que as primeiras correntes filosóficas - coincidência, ou não - estavam mais bem representadas pelo sufixo "ico(a)". Vejamos: pensamento socrático, platônico e aristotélico, por exemplo.
A partir das correntes helenistas, "migra-se" para o sufixo "ista" - e os "ismos". Por exemplo, Epicurismo, Estoicismo, Ceticismo... que acaba lembrando movimentos religiosos, como Hinduísmo, Budismo, Judaísmo e... Cristianismo.
É certo que essa aproximação que faço é meio "forçada". Afinal, fala-se em "pensamento estóico e cético", neste último caso; e em "platonismo e aristotelismo", no primeiro. Mas... digamos, no mínimo, que estamos diante de possibilidades paralelas, cuja maior força consiste naquela primeira versão citada.
Será que o sufixo grego "iké" - mais ligado às ideias organizadas conforme uma "técnica" - deram lugar ao "ismós" - com a ideia mais próxima de uma "doutrina"?
Se é assim, essa história de "ismo" continua forte no "cartesianismo". Daí em diante, a coisa se modifica um pouco - e aqui se insere o pensamento "spinozano", kantiano, fichteano, hegeliano, etc e tal.
Curiosamente, depois voltamos aos "ismos"... com o marxismo, o positivismo, o existencialismo, o estruturalismo e outros.
É verdade que esses "rótulos" não são tão rígidos que não admitam outras "possibilidades", mas, em linhas gerais, parece haver esse "movimento"... ou, pelo menos, dá para "brincar" com essa "dança dos sufixos".
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