É interessante como se tornou usual dizer que o imperador Constantino I estabeleceu o Cristianismo como religião oficial do Império Romano, através do Edito de Milão, em 313 dC.
A bem da verdade, o edito imperial, também chamado de "Edito da Tolerância", estabelecia a liberdade de culto. Desta forma, revogava um edito do imperador Nero, que ordenava anteriormente a perseguição aos cristãos.
Talvez, em função da conversão de Constantino ao Cristianismo, imaginou-se que ele tenha obrigado a instauração dessa crença, em vez do paganismo, majoritário então.
Até o livro "Filosofia Medieval", organizado por A. S. McGrade, publicado pela Ideias&Letras, no artigo "A filosofia medieval em seu contexto", assinado pelo professor de História da Universidade de Tufts Steven P. Marrone, "escorrega" nesse fato histórico, quando fala do cristianismo se tornando a "religião oficial do Império Romano", após a "conversão legal, iniciada no princípio do século IV pelo imperador Constantino". Fala ainda que "a contribuição de Constantino foi ... tornar dominante a variante cristã desse discurso [um discurso comum entre os pagãos, cristãos e judeus instruídos, que florescia no século III], eventualmente de maneira opressiva, a partir do século IV".
Penso que não fica bem, para um livro especializado em Filosofia Medieval, num artigo escrito por um professor universitário de História, enganar-se dessa forma.
Mais vexatório ainda passa a ser, quando constatamos que até a Wikipedia contém o texto traduzido do Edito de Milão, onde fica clara a mera legitimação do laicismo no Império Romano.
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