O livro "Antropologia Filosófica", de Henrique C. de Lima Vaz, traz uma explicação interessante sobre a Antropologia Marxista. Evidencia-se, nessa antropologia de Marx, uma percepção bem aguda sobre o homem.
Diz o livro: "Para Marx, a especificidade do homem se destaca sobre o fundo das características que ele tem em comum com os animais. Seja o homem, seja o animal se definem pelo tipo de relação que os une à natureza, isto é, pela forma como vivem sua vida. Ora, enquanto o animal é sua própria vida, ao homem cabe produzir a sua. Essa produção da própria vida irá implicar, no homem, os predicados especificamente humanos da consciência-de-si, da intencionalidade, da linguagem, da fabricação e uso de instrumentos e da cooperação com seus semelhantes. Conquanto algumas dessas características, como a intencionalidade, a fabricação e uso de instrumentos e o comportamento gregário, possam encontrar-se igualmente nos animais, pelo menos sob uma forma análoga, a consciência-de-si e a linguagem são predicados exclusivos do homem, e, como capacidades cognitivas, são capazes de imprimir uma feição especificamente humana às outras características".
Ou seja, mesmo aquelas características que poderíamos considerar como "compartilhadas", em alguma medida, com outras espécies de animais, ganham um matiz diferenciado em função daquelas que são exclusivamente humanas.
Parece-me que, deste modo, fica mais claro pensar o homem enquanto ser da natureza, mas não apenas de uma forma naturalista reducionista e banalizada.
Será que isso dá algum colorido especial à afirmação spinozana de que o homem não é "um império dentro de outro império"?
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