sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Deus: mito ou realidade? (2)

  De qualquer modo, não podemos dizer que, a partir das definições prévias colocadas pelo mestre Faitanin, o argumento para comprovação da existência de Deus não foi válido. Pareceu-me, entretanto, que as definições iniciais estabeleceram limitações metodológicas que nos "arrastaram", quase sob vara, a um resultado que, em circunstâncias de maior "liberdade do método", poderia ser diferente.
  A definição, por exemplo, de "mito" como algo que necessariamente implica uma violação do "Princípio da Não-contradição"... e que este não pode ser racionalmente contrariado, guia-nos, sob uma certa "manipulação", a pensar que se falamos em Deus, e nos é dado o direito de raciocinar sobre Ele, não estamos incorrendo em nenhuma quebra do princípio lógico citado... logo, não estamos falando de um mito, mas de uma realidade.
   O discurso pode até convencer, mas penso, sinceramente, que partimos de uma definição viciada, o que nos levou a um resultado com uma marca de possibilidade de ser enganoso.
  Mas isso não foi o mais importante. Chegamos à hora das perguntas. Tchan, tchan, tchan, tchan!
  Mesmo sem ter pensado minha pergunta na íntegra, arrisquei-me a ir ao microfone. A dúvida era saber se a comprovação da existência daquele Deus-Motor Imóvel metafísico atendia às expectativas dos crentes/fiéis. Citei, por exemplo, que Spinoza, que "naturalizou" Deus, foi veementemente censurado pelos judeus, e considerado ateu - apesar da alegria suprema, para ele, vir justamente do "Amor Intelectual a Deus". Outra ideia posta por mim foi a de que os deístas, apesar de acreditarem num Deus criador, por não crerem na Providência desse novo "demiurgo", também eram chamados de ateus.
  O professor Faitanin fez diversas considerações sobre os pontos colocados. Entretanto, o amigo Alan - nosso amigo dos amigos, daqui do blog -, logo depois, inquiriu o palestrante sobre a possibilidade do "Deus" aristotélico encarnar, como teria feito o de Tomás. Ficou claro que não seria possível. Ora, ora... quer dizer que pelo menos uma das características do Deus aristotélico não combina com a do Deus revelado. Haveria outras? Ainda assim seriam o mesmo e único Deus, o de Aristóteles e o de Aquino?
  A melhor resposta à minha pergunta, entretanto, parece-me, veio na última pergunta feita. Um jovem foi ao microfone, e após perguntar se o palestrante acreditava em Deus - ouvindo a resposta positiva -; inquiriu o Dr. Faitanin se o mesmo se dava com relação a Jesus, o Cristo. Nova resposta positiva. Nova pergunta, agora dizendo respeito a Jesus ser o único caminho para a salvação - não antes sem uma confissão pessoal do "perguntador", de que esse era seu ponto de vista.
  Ficou claro, portanto, que não bastou ao "crente" saber que o Deus metafísico existia, ele carecia da "certeza" do Deus religioso. E essa carência só foi satisfeita quando um especialista da área do pensamento "carimbou" a carteira de identidade desse Deus bíblico.
  Eu quase vi Blaise Pascal tomando o microfone do professor Faitanin e gritando "Eu não quero saber do deus dos filósofos; eu acredito é no Deus de Abraão, Isaac e Jacó!"... e o jovem "perguntador" gritando, em resposta: "Aleluia!"

   

2 comentários:

SuNamaste disse...

Ah, vai! Vc pode fazer melhor!!

Eu estava lá! Pedi seu blog! E só hj cheguei! Carreguei sempre o enderçeo comigo e nunca tinha lembrado d entrar no endereço!

Sem contar q não podemos esquecer do estranho, q a partir daquele dia se tornou meu amigo e nunca mais perdemos o contato, q perguntou dentre outras afirmações revoltadas "se Deus existe porque não podemos provar a inexistência dele, então me prova a inexist~encia do saci"!! hahaha Marcel é lindo!

Olá!

Me acha lá no facebook: su namastê!

:0)

Bjo!

Ricardo disse...

Oi,Su!
Você sabe que, dia desses, eu estava arrumando minhas coisas e encontrei seu e-mail? Mas como, até hoje, você não havia escrito, deixei estar.
Em algum "momento", uma questão sobre Deus sempre aparece no meu blog. É um assunto que surge como desdobramento necessário do pensamento de Spinoza. Espero que, aí, eu possa "fazer melhor". Rsss.
Sobre a "inexistência do saci", sim, lembro-me da pergunta... acho que ele era da "Física".
A verdade é que provar a "inexistência" só se dá de uma forma, por uma incoerência interna. Afinal, o apelo ao "sensível" sempre pode ensejar a pergunta: "Você não viu até agora, mas suas experiências ainda não acabaram!", o que é absolutamente verdadeiro.
Quanto ao "conceito" Deus, as "incoerências internas" são muitas. Entretanto, seus defensores sempre apelam para a pequenez do entendimento humano. É uma saída "honrosa", mas não me parece boa o suficiente.
Sobre o "facebook", não tenho. Mas ainda tenho seu e-mail - se ele ainda é o mesmo, ficará fácil trocar qualquer coisa.
Abração.