Diversas e diversas vezes já registrei nesse blog que, segundo meu entendimento, Heidegger não atingiu seu intento ao final de "Ser e Tempo". É verdade que o próprio autor do "estranho tratado", como ele chamava o produto final - inacabado, ressalte-se -, parece ter chegado a essa conclusão, quando, ao perceber o esgotamento da possibilidade de produzir um "Ser" inteligível para nós, pobres mortais, meros leitores imaginativos do que se passava no interior da mente do alemão, passou a valorizar a poesia e sua abordagem deste inefável "Ser".
Ao final do projeto heideggeriano, ficou-se com a impressão de que ele estaria, de certo modo, retomando a "teologia negativa"... numa forma de "ontologia negativa poética", talvez.
Dito isto, que já deve ser motivo bastante para discordâncias apaixonadas, lembro apenas que Kant, em "Fundamentos da metafísica moral", de 1785, escreve aproximadamente, embora se referindo a outro assunto, que "a explicação negativa, do ponto de vista da essência, é infrutífera".
Antes que alguém "rebata", reconheço que Heidegger não pretendia captar a "essência" do "Ser", mas apenas o seu "sentido". Se bem que... tenho lá minhas dúvidas sobre as intenções não declaradas do alemão. Mas... fica o registro do pensamento de Kant, bem como da possível "infrutiferabilidade" - eu acho que "esterilidade" não ficaria tão representativo! - do "estranho tratado".
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