Todos devem lembrar do sucesso da clonagem da ovelha Dolly. A experiência deixou os cientistas eufóricos, pois uma célula especializada - no caso, da glândula mamária - de uma ovelha de seis anos forneceu o material para sua "duplicação", possibilitando, entretanto, a formação de todos os tecidos da nova ovelha, a Dolly.
Uma coisa comentada posteriormente é que Dolly envelhecia rápido demais e com seis anos apenas, a metade da expectativa de vida de uma ovelha da sua raça, ela já estava com artrite degenerativa. Dolly, então, foi submetida à eutanásia.
É certo que o homem conseguiu enganar a natureza, partindo de uma célula especializada e, iniciando todo um processo de divisão celular, produzir um embrião, que viria a ser a simpática ovelhinha Dolly. Será, entretanto, que esse "passar a perna" na natureza fez com que esta fosse totalmente ludibriada? A resposta é "Não"!
Para surpresa dos cientistas, apesar de ter nascido com a aparência de qualquer bebê ovelha, a nossa Dolly apresentava uma estrutura celular, chamada "telômeros", mais curta que o normal para sua idade biológica. Essas estruturas são responsáveis, ao que parece, pela proteção e reparação das células. E, quanto mais envelhecemos, mais curtos eles ficam. Isto quer dizer que, apesar da aparência de seis anos, ela já tinha os tais telômeros de uma "velhinha" de doze anos - fim de sua vida, portanto. Ou seja, a natureza não se deixou fazer de boba totalmente.
Portanto, ao contrário do que se pensou possível, ao "duplicar" um ser humano para eternizá-lo, e ir fazendo isso indefinidamente, percebemos que a primeira "cópia" de uma pessoa de quarenta anos, por exemplo, ao completar os "seus" quarenta já teria uma idade "celular" de oitenta. A segunda cópia, se feita aos quarenta, provavelmente morreria antes dos "seus" vinte.
É difícil enganar a natureza, hein!
4 comentários:
Apesar de não parecer leio todos os seus posts, confesso que alguns me deixa um tanto perdida, pois não tenho o conhecimento do "mediador" sobre Filosofia.
Mas hoje lendo sobre o tema abordado fiquei sem entender o porque dele, pois sempre que venho aqui leio sobre grandes filósofos, grandes pensadores etc: não que o tema seja ruim, até gostei de relembrar a história da Dolly que por sinal devemos considerar apesar de todos os problemas envolvidos um grande passo da medicina.
Deia:
O primeiro registro é que fico muito contente em saber que você acompanha meeeeesmo o blog, lendo todos os posts. Digo isso porque sei que sua atividade principal toma muito do seu tempo e, talvez mais ainda, há o pequeno, que sempre exige muito de uma mãe. Além dessas atividades, ainda há os desafios de novos empreendimentos.
Dito isso, explico o porquê do post.
Imaginei, desde o começo do blog em escrever sempre coisas que tivessem a ver com Filosofia, mas nem sempre sobre "A" Filosofia especificamente. Qualquer reflexão um pouquinho mais profunda sobre o nosso viver já é um filosofar. Além disso, acho que nem meus amigos suportariam só ler Filosofia - mesmo sendo todos muito simpáticos comigo. Rsss.
Especificamente sobre a Dolly, o tema "caiu no meu colo" e achei interessante registrá-lo. Ele surgiu de um livro que, vez por outra folheio - e pena que não o faço mais sistematicamente -, que se chama "O livro do sabe tudo", de Kidder e Oppenheim, Ed. Verus. Há textos sobre ciências, Filosofia, artes, literatura, música, História, etc. O melhor é que são textos de apenas uma página, mas com um conteúdo bem interessante.
O que faltou registrar foi o aspecto filosófico da clonagem, talvez.
A "individualidade" é um tema muito caro à Filosofia. Saber "quem eu sou", em termos de entendimento dos próprios comportamentos, é muito importante para a Psicologia; mas a Filosofia vai além e questiona "o que é isso que eu chamo de 'eu'".
Imagine, agora, que eu tenha um clone. Quem é o "eu"? Se o "eu" é a soma de todas as predisposições com todas as vivências, mas todas as vivências são "subjetivadas" pelas predisposições, será que não há muito de "mim" no meu clone?
Outra questão é que, de modo geral, quem pensa em fazer-se clonar pretende, de alguma maneira, continuar existindo... ele mesmo. Será que isso é possível? Será que esse "outro eu" guarda alguma semelhança comigo mais do que um mesmo " arranjo genotípico"? Mas, por outro lado, não será que justamente esse "arranjo genotípico" é que começa a definir quem é o "eu"?
E também: será que há algo imaterial - uma espécie de alma - que se instala nesse clone que pode ser uma "cópia da minha alma"? Se houver, clonamos o "imaterial" com a matéria... Os cientistas seriam como deuses, então!
Se não dividirmos o ser-humano em corpo e alma, mas formos materialistas, será que o "mesmo cérebro" gera a mesma psiquê?
Enfim, o clone sou eu ou não sou eu?
Ou eu poderia só dizer que gostei da informação da Dolly. Rsss
Hummm agora sim entendi o post, aliás estou tentando entender porque depois de tantas interrogações já estou achando que não sou mais eu e estou pensando em sair por aí atrás de mim hehehe brincadeirinha.
Déia:
Sobre essa dúvida do que é o "eu", e da dificuldade de conceituá-lo, lembrei-me de uma frase de Santo Agostinho. O tema é outro, mas lembra um pouco o nosso. Ele diz: "Se ninguém me perguntar o que é o tempo, eu sei o que ele é; mas se alguém me pergunta, já não sei".
Resumo da ópera: nós lidamos com alguns conceitos plenamente "conhecidos", se não nos perguntarmos sobre eles. Mas, se alguém quiser uma explicação clara, "perfeitinha", a coisa se complica.
Você já percebeu como, a maior parte das vezes em que vamos nos definir falamos apenas de coisas que fazemos? É certo que nossas ações exteriorizam o que temos dentro, mas será que nos resumimos a isso?
Sei lá... há que se pensar.
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