O mercado brasileiro possui mais um livro sobre nosso ilustre amigo Baruch Spinoza. Trata-se de "Corpo, um modo de ser divino", de Márcia Patrizio dos Santos, Ed. AnnaBlume.
Meu exemplar, devidamente autografado pela autora, ainda não teve a leitura iniciada formalmente. Por enquanto, apenas algumas passadas d'olhos, aqui e acolá, para perceber o que me espera e a forma com que se abordaram os conceitos spinozanos.
Logo de cara, temos a alegria de encontrar um prefácio assinado por P-F. Moreau. Isso já é garantia de que o livro é sério. Afinal, monsieur Moreau é um dos reconhecidos especialistas internacionais no nosso querido luso-holandês.
Folheando mais um pouco, percebo que a forma - e o mesmo vale para uma percepção superficial do conteúdo - é muito bem estudada. A autora, já na primeira parte do livro, mostra-nos um pouco da história do pensamento na época imediatamente anterior a Spinoza. Com isso, permite-nos perceber os questionamentos que estavam "no ar", quando do florescimento deste pensador. Apresenta-nos, ainda nesta parte, o ponto de vista de Spinoza, comparando-o ao de Descartes, justamente para apartá-lo intelectualmente deste.
O que me parece ser, entretanto, a magna tese do livro é que "Spinoza é um filósofo do corpo". Aliás, este é praticamente o título do primeiro capítulo da primeira parte. Parênteses, aqui: o livro tem previsão de ter uma segunda parte. Espero que, ao contrário de muitos outros, essa segunda parte não se perca em um "limbo editorial", deixando-nos órfãos de boas publicações.
Fechados os parênteses, continuo.
Tese que sempre defendi, inclusive no blog, é que, ao contrário do que se afirma, não foi Merleau-Ponty, nem, antes dele, Nietzsche, que iniciou o movimento de valorização do corpo - invertendo um processo corrente na Filosofia Ocidental -, mas sim Spinoza. Já afirmei essa minha tese, também, em um dos cursos da Casa do Saber, quando o assunto era Nietzsche como precursor dessa valorização.
A autora escreve, muito apropriadamente: "Para este filósofo, o homem é essencialmente psicofísico, ou seja, essencialmente corpo-mente". Perceba-se que não é "corpo e mente", como se fossem dois conteúdos dentro de um mesmo "invólucro". Ao contrário, a associação "essencial" de ambos é que é o "homem".
De início, então, ficou uma boa impressão do livro. Coloco mais posts sobre ele no futuro.
Um comentário:
Ricardo, se o livro conta com sua aprovação, vou correndo comprar um para mim.
Quem sabe não dá para falarmos de Spinoza como falamos de Heidegger?
SDS.
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