Outro questionamento que surgiu na Casa do Saber, na aula sobre Platão, foi se as "Ideias" platônicas não poderiam ser justamente a tal "síntese" daquela "dialética platônica", entendida sob um olhar hegeliano.
O professor Fernando Muniz explicou que não se deve confundir o momento em que as Ideias aparecem (já na segunda fase, a dos "Diálogos da maturidade") com aquele dos primeiros diálogos (os "Socráticos").
Pode-se até imaginar, andando ao contrário no tempo, que Platão já pensasse numa saída para as aporias que apareciam na primeira fase, e que apenas quis mostrar como seria necessário "desconstruir" os falsos conhecimentos, para depois caminhar da ausência de conhecimento até o conhecimento verdadeiro - do Bem (final), como Ideia. Mas isso não é garantido.
O que parece ter acontecido é que Sócrates pensava conforme os primeiros diálogos, com uma preocupação voltada especificamente para os valores humanos - deixando, inclusive, de lado as abstrações metafísicas -, e que Platão, como bom discípulo, fez questão de registrar isso nos seus primeiros escritos. Posteriormente, já filosofando por conta própria, e não mais se atendo somente às influências socráticas, mas também possivelmente às de Pitágoras, Heráclito e Parmênides, com uma visão já metafísica, Platão teria tentado resolver o problema das aporias com uma solução de alcance bem maior do que a própria pergunta inical. Desta forma, teria pulado de questões apenas sobre valores humanos alcançando também uma solução cosmológica e ontológica.
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