sexta-feira, 8 de maio de 2009

Mais um curso interessante

Começou, quarta-feira passada, mais um curso interessante na Casa do Saber. Infelizmente, esse, eu não poderei fazer. Antes mesmo de registrar o nome do curso, quero informar o do ilustre mestre, que é o professor Danilo Marcondes. O professor Marcondes é autor de um livro introdutório ótimo, chamado "Iniciação à história da Filosofia - dos pré-socráticos a Wittgenstein". Agora sim, o nome do curso: "O mundo de cabeça para baixo: a formação do pensamento moderno". O modernidade é apresentada como um período de transição entre a tradição e o Humanismo renascentista e a época Contemporânea. E são abordados assuntos como a Descoberta do Novo Mundo, a Revolução Científica e a Reforma Protestante.
Ainda que a época Moderna possa ter uma sua autonomia, não representando apenas uma transição entre duas épocas distintas, eu ainda pensando sobre o quanto é importante entender os períodos de transição. Durante esses períodos, de alguma forma, convivem dois pensamentos e hábitos antagônicos... convivem em tensão, é verdade. Mas eles estão lá, simultaneamente. Vencida por um lado, essa "guerra", por vezes, é desconstruída de nosso imaginário, e tendemos a encontrar uma determinada "batalha" que significa um marco fictício de início desse novo tempo. Esquece-se que aquela "linha" fronteiriça é, na realidade, uma "faixa" larga, em que se parte de um "mais isso e menos aquilo", caminhando-se pela transição, até chegar ao "menos isso e mais aquilo" do outro lado.
O mesmo ocorre com o próprio nascimento da Filosofia, que é colocado como um contraponto radical ao mito, mas, muitas vezes, diminuindo o fato de que muitos dos antigos eram tão "míticos" quanto os próprios referenciais antifilosóficos. Só para ficar num dos muitos exemplos, cito Pitágoras, cuja figura é tão "estranha", que nem se sabe se existiu mesmo, e que cultuava os números como deuses transcendentais.
De qualquer forma, o estudo desse momento de transição é que nos permite apreciar os embates mais vigorosos entre os dois tipos de pensamento - o da tradição e o da revolução, por assim dizer - e que nos coloca no "coração" de cada um deles. No momento onde a tradição está cristalizada, os pensamentos revolucionários ainda são muito incipientes e não desfrutam de um amadurecimento suficiente; e, no momento pós-revolução, o pensamento revolucionário faz de tudo para caricaturar o da tradição, fazendo deste pensamento um mero não-revolucionário, ou seja, imputando ao pensamento da tradição a característica principal de não se "comportar" segundo os ditames do que é atualmente aceito como correto.
Lancemo-nos às transições!

Um comentário:

Maria disse...

Senhor Ricardo!!
Fico aqui na dúvida se o senhor não gostará mais ainda de Filosofia do que eu de Teatro…O engraçado é que nem sequer é a nossa formação. Vimos de áreas diferentes mas encaramos com uma enorme paixão quer o Teatro, quer a Filosofia, mas penso que o senhor ainda me ganha nesse sentido. .. Há momentos em que eu me saturo do Teatro, o senhor jamais o fez com a Filosofia…um ponto a mais para si…rs
Devo confessar que embora não tenha escrito não resisto um dia que seja a espreitar no seu blog. Gostei particularmente do pensamento de Derrida (do que o senhor escreveu no blog) e concordo totalmente com ele. Nunca tinha ouvido sequer falar dele , mas assim que der lerei alguma coisa dele.
Bem, minha princesa deve estar a chegar a casa.
Bom fim de semana, para si, sua família e seus seguidores do blog.
Maria