O título do post poderia ser, também, "Deixando a Maria com inveja". Rsss.
Vi o documentário sobre Pessoa e gostei muito. Trago aqui algumas informações que deixariam nossa amiga portuguesa enciumada. Só para "torturá-la", farei questão de registrá-las aqui.
Primeira. O Sr. José Blanco, escritor que prepara uma edição de todos os livros escritos por e sobre Pessoa, trabalhando nisso há décadas, perguntado sobre o interesse por Pessoa atualmente em Portugal, afirmou que está caindo. Mas... disse que, em outros lugares, principalmente no Brasil, este interesse continua aumentando.
Segundo. Hoje em dia existe um grupo de trabalho, em Portugal, chamado Equipe Pessoa, que se debruça sobre as 25 mil "peças" inéditas de Pessoa - adquiridas pelo governo português. O fato é que essa equipe teve a participação de uma professora brasileira, "especialistíssima" em Pessoa, chamada Cleonice Berardinelli.
Já foi suficiente para que nossa amiga Maria perceba que nós, brasileiros, também nos "apossamos" um pouquinho do Pessoa dela. Rsss.
Então, passo a duas informações para todos os que gostam de Pessoa.
Primeira. O Sr. Ivo Castro, principal responsável pela Equipe Pessoa, em Portugal, afirmou que a criação dos heterônimos no tal "Dia Triunfal", conforme nos narrou o próprio Pessoa, é só uma lenda. Na verdade, no tal acervo em posse do governo fica claro que Pessoa experimentou diversos modos de execução dos poemas que se refeririam futuramente aos seus heterônimos. E há poemas datados - obviamente, antes do tal "Dia Triunfal" - escritos e reescritos, ou seja, Pessoa foi modelando seus heterônimos cuidadosamente... muito mais "com transpiração" do que "com inspiração". É lógico que isso não tira nada do brilhantismo dos "produtos finais"... talvez até, pelo contrário, acrescente valor ao seu trabalho.
Outra informação. Há divergências sobre a causa da morte de Pessoa. Uma hipótese - descartada pela sobrinha, entrevistada no vídeo - é que ele teria morrido de cirrose. Os pesquisadores comentam que, apesar de nunca ter sido visto bêbado, Pessoa bebia ao longo do dia e que gostava principalmente de "cachaça".
Sabias dessas, amiga Maria?
2 comentários:
Errei o post daí que volte a colocar aqui o comentário de Pessoa porque é aqui o lugar dele.
Senhor Ricardo!!
Primeiro de tudo vou penitenciar-me (nem pense que vou fazê-lo à maneira medieval entre chicotes e fogueiras), porque o levei a induzir em erro. Quando escrevi que era da poesia que tinha citado não me referia à “Tabacaria”, mas sim à outra que citou de Alberto Caeiro “Há metafísica bastante em não pensar em nada”. Aliás Campos navega mais no eu interior seria “incapaz “ de escrever sobre a natureza, porque não é isso que lhe interessa. Ele faz um exercício de “catarze” de dentro para fora, contrariamente ao Caeiro. Parece que falamos de pessoas diferentes, né? Realmente Pessoa teve a capacidade de através da multiplicidade chegar ou tentar chegar à unidade.
Quanto a vocês gostarem mais dele e aqui estar em “queda” ...Vou pedir-lhe que faça uma viagem pela sua imaginação…preparado? Então agora imagine símbolos do mal…caveiras, ossos, bruxarias…è tudo oq eu estou a pensar sobre esse assunto e não consigo verbalizar…rs
Pessoa não ter escrito os heterónimos naquele dia? Claro que não, nem poderia ter sido….rs Aliás foi um trabalho meticuloso como muito bem o senhor referiu… Já reparou que cada um dos heterónimos tem uma carta astral e tudo, mesmo tudo se encaixa ? Seria humanamente impossível criá-los nesse dia . Se desejar viajar um pouco por ele vão aí 3 páginas onde fala da criação dos heterónimos. O português não é grande coisa, pareceu-me até meio atrofiado, mas está aí o essencial da criação deles. http://www.fpessoa.com.ar/heteronimos.asp?Heteronimo=ricardo_reis.
http://www.fpessoa.com.ar/heteronimos.asp?Heteronimo=alvaro_de_campos
http://www.fpessoa.com.ar/heteronimos.asp?Heteronimo=alberto_caeiro
No que concerne à bebida de Pessoa fala-se aqui duma – absinto, como sendo uma das bebidas predilectas dele. Cachaça deve ser a nossa água ardente…penso que tb se fala sim. Como sabe eu nem gosto nem sou conhecedora de bebidas alcoólicas…Ele bebia, é um facto…rs
Senhor Ricardo, ficaria a “conversar” sobre Pessoa o resto da minha vida, mas, meu corpo não me iria perdoar se não lhe desse atenção e não fosse colocá-lo mais uma vez à prova da sua resistência. Simplificando está na hora do exercício físico. Hoje não tenho mais oportunidades de o fazer. A escola espera-me e logo, à noite, é o jantar do Jorge que , hoje, assume o cargo de Director da escola. Não poderia deixar de ir.
Espero que o senhor e seus visitantes estejam tão bem quanto eu me sinto...rs
Um abraço
Maria
Querida Maria:
Ingenuamente, imaginei que não conhecesses a verdadeira história sobre os heterônimos; afinal, é o próprio Pessoa que nos narra o seu aparecimento em um dia só. Mas só por ingenuidade mesmo poderia eu pensar isso; deixando de lembrar tua "sapiência" em assuntos pessoanos.
De qualquer forma, acho que acrescentei a informação sobre as "25 mil peças" em posse da Equipe Pessoa. Vinte e cinco mil!!!!
A única coisa que me deixou triste no DVD foi o testemunho de uma sobrinha-neta de Ofélia. Ela conta que, no "primeiro namoro" de Pessoa com Ofélia, o poeta passava à sua namorada a imagem de um homem bem humorado, que se deslocava suave e rapidamente "como se não tocasse o chão". Já no reencontro de ambos, anos depois, o poeta era um homem de corpo e alma "pesados", entristecido.
Será que a vida cobra custos mais altos das pessoas muito criativas?
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