Como sempre, tenho comprado mais livros do que consigo ler. Até aí, já nem me preocupo muito. Espero só conseguir viver muito depois da minha aposentadoria. Rsss.
Mas o fato é que tenho evitado um pouco as livrarias... para não cair em tentação. Por esses dias, entretanto, pensando em dar como presente um livro, fui obrigado a olhar uma vitrine. E... provocadoramente, lá estava um título novo: "Cine Filô - as mais belas questões da Filosofia no cinema", de Ollivier Pourriol.
Entrei, perguntei pelo tal livro que desejava presentear e, enquanto esperava meu exemplar chegar, fui folhear o "Cine Filô". Só para impedir qualquer reação minha, o arguto autor dividiu seus temas por dois filósofos apenas. E adivinhem quem era um deles? Bingo! Spinoza!
Não deu para não comprar. Vocês entendem, né?
Só fiquei com um pouco de "inveja", porque o autor parece ser mais fã do Spinoza do que eu. Afinal, vejam só o que escreve:
"Essa obra-prima... a Ética... Há poucas chances de vermos um dia no cinema um filme que seja o equivalente a esse livro. Pouco importa. Quer o conheçamos ou não, Spinoza merece sermpre ser lido e relido...";
"A bem da verdade, quanto mais o conhecemos, mais ele se torna opaco - não no sentido de obscuro, mas de denso -, e mais é preciso lê-lo...";
"Se Spinoza começa com definições [o que pretensamente representaria ideias auto-evidentes], nem por isso as compreenderemos instantaneamente. Como ele próprio diz: 'O que é belo é raro e difícil'. Não existe introdução a Spinoza, da mesma forma que não existe introdução à Filosofia: ou ficamos no limiar, ou mergulhamos...";
"Só podemos vir a compreender alguma coisa em Spinoza impregnando-nos dele, habituando-nos a ele como um novo elemento, e não achando que será preciso escalar altitudes..."; e
"Pensar é difícil. Compreender Spinoza é difícil. Alain dizia sobre Simone Weil, uma de suas melhores alunas, que ela era tão dotada que era bem capaz de haver compreendido Spinoza. Todavia, Spinoza é conhecido como o filósofo da alegria. É um indício de que podemos tentar perseverar em seu conhecimento. Não pelo prazer vaidoso de nos tornarmos especialistas, mas pela alegria de compreender, de sentir nossa perfeição característica..."
Por fim, transformei essa "afecção" que diminui meu "conatus" - a inveja -, e pude sorrir de alegria ao ver as sugestões de leitura dada por Ollivier - "Spinoza", de Alain, e "Spinoza: filosofia prática", de Deleuze -, pois já li ambos. Detalhe: o primeiro, eu nunca vi em livraria nenhuma, nem mesmo em outro idioma. Consegui, na net, um exemplarzinho em francês. Ulalá! Rsss.
Só que, desta vez, o livrinho não vai ficar esperando para ser lido, não. Já me lancei na aventura da leitura. E o primeiro capítulo da parte do Spinoza - não disse até agora, mas ignorei solenemente a parte dedicada a Descartes - é "Eu e os outros, como encontrar a alegria?".
3 comentários:
Bah... não me diga... sou como você... tenho tantos livros em casa e não consigo ficar sem comprar mais outros. Mas, como disse um dos meus professores de faculdade, "você não precisa se preocupar em ler todos os livros, basta você ter eles lá para pesquisar quando precisa". Um bom consolo para quem gosta de comprar mais e mais livros e nem sempre vence conseguir lê-los todos - rsrsrsrsrsrs
Agora, quando o livro cita Espinosa, aí fica impossível... vou já procurar este livro que você citou - hahahahaha
Abraços
Guilherme:
Primeiramente, seja bem vindo a esse espaço, que é nosso. E, sendo nosso, é o lugar onde você poderá colocar todas as suas ideias e, o que é sempre importante, suas críticas.
Seguindo... agradeço pelo consolo quanto aos livros. Uma coisa interessante, em relação principalmente à Filosofia, é que ter um livro "clássico" sobre determinado assunto, não impede que haja uma abordagem mais "viva" e "arejada" em outro... o que me leva às livrarias novamente. Rssss.
Só para você ter uma ideia, de e sobre Spinoza, tenho mais de cinquenta títulos, em português, inglês, francês (nada em holandês. Rsss)... e aumentando.
Este livrinho do qual falei é muito interessante. Já fiz um "boca a boca" dele com várias pessoas não especialistas em Filosofia. Algumas pediram-me, num primeiro momento, cópias de um capítulo. Assim, poderão perceber a linguagem acessível do autor e se renderão ao nosso querido Spinoza.
Sobre as citações a Spinoza, elas são muito bem colocadas, apresentando, inclusive, as passagens da "Ética" que embasariam a apresentação de Ollivier.
Obrigado e venha sempre!
Abraços.
Já mandei buscar minha cópia ;)
Tenho um amigo, professor aqui na Universidade de Passo Fundo, que tem doutorado em Estética (filosofia da arte) e ele está sempre por dentro destes livros que fazem uma abordagem relacionada a arte e a filosofia. Ele, inclusive, me indicou alguns livros relacionados a filmes e filosofia (já que sou um "filmólatra" - rsrsrsrs - assisto de tudo), mas este ele não conhece ainda. Aliás, será um prazer ainda maior apresentar um livro que, juntamente, ainda fale de Espinosa! :)
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